Imprensa argentina trata “papelão” da Anvisa como “teatro”

Jornais do país vizinho não poupam críticas às autoridades sanitárias brasileiras que esperaram o jogo pelas eliminatórias da Copa do Mundo começar para retirar atletas de campo

Foto: Voz de Pernambuco (Reprodução)
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Os principais jornais da Argentina trataram o episódio da retirada de jogadores do país pela Anvisa, do clássico com Brasil pelas eliminatórias da Copa do Mundo do Catar, em São Paulo, neste domingo (5), como um “teatro”. O caso, um dos mais insólitos da história do futebol mundial, é chamado de “papelão” por toda a imprensa do país vizinho.

O diário La Nación, considerado o mais “sisudo” e formal dos jornais argentinos, destaca que “vergonha”, "papelão", “escândalo” e “partida caótica” foram as expressões mais usadas pela imprensa local e internacional para definir a rocambolesca atitude das autoridades sanitárias brasileiras. A publicação assinalou que veículos de toda a América Latina, assim como da Europa, criticaram o que teria sido um “teatro” protagonizado pela Anvisa, com exceção dos jornais do Brasil (Folha e O Globo são citados), que teriam aceitado a versão e as desculpas do órgão governamental para levar a cabo tal atitude.

O esportivo Olé foi mais ácido em suas considerações. Em diversas reportagens diferentes, o mais popular jornal argentino do segmento chamou o caso de “papelão”, além dos “elogios” que se proliferaram pela mídia do país, como “vergonha”, “escândalo” e “insólito”. A matéria principal do Olé considera que tudo não passou de uma “cena” para criar constrangimento e traz uma declaração de Messi de que a Anvisa “estava nos esperando”.

A tese de armação e de “teatro” é mais destacada no Clarín, periódico mais influente da Argentina, que além de reportar igualmente o “papelón” falou sobre uma suposta tentativa de intervenção do presidente Jair Bolsonaro para conseguir a continuação da partida. O diário destacou também o papel do embaixador argentino no Brasil, Daniel Scioli, que estava nas tribunas do Itaquerão e imediatamente deixou o local para colocar-se ao lado de seus compatriotas, para os proteger de qualquer abuso. Scioli acompanhou a delegação esportiva de seu país até o aeroporto de Guarulhos, para o retorno a Buenos Aires.