Evo Morales, ex-presidente da Bolívia e líder do partido Movimento Ao Socialismo (MAS), usou as redes sociais neste sábado (10) para fazer um alerta em razão das denúncias recentes expostas pelo governo boliviano sobre a articulação da direita latino-americana no golpe de Estado que derrubou Morales em 2019.
"Alertamos aos movimentos sociais da América Latina sobre o Plano Condor 2 e a necessidade de fortalecer a luta pela paz com justiça social e democracia para preservar a soberania e independência de nossos Estados e a dignidade das pessoas", tuitou Morales. O Plano Condor foi conduzido entre governos ditatoriais da América do Sul durante a década de 70 para a execução coordenada de ações repressivas.
"O envio de material de guerra dos ex-presidentes do Equador, [Lenín] Moreno, e da Argentina, [Mauricio] Macri, as cartas de agradecimento do General Terceros são outras provas do golpe que, com o assassinato no Haiti, por ex-militares colombianos, evidenciou a execução do Plano Condor 2 sob a direção dos EUA", disse ainda.
Além da morte do presidente haitiano Jovenel Moise, a publicação do ex-presidente faz referência às denúncias expostas pelo Ministério das Relações Exteriores da Bolívia de que o governo Macri enviou armas e munições que foram utilizadas para reprimir o povo boliviano que protestou contra o golpe.
A revelação fez o presidente da Argentina, Alberto Fernández, pedir desculpas formais ao presidente Luis Arce, eleito em 2020 pelo MAS. Fernández expressou sentir "dor e vergonha" diante dos fatos descobertos através de correspondências entre as Forças Armadas bolivianas e a Embaixada da Argentina em La Paz.
Neste sábado, o diário Página 12 deu mais detalhes do aporte dado por Macri ao golpe. Além de 70 mil munições, o ex-presidente teria enviado espiões para apoiar a insurreição militar e miliciana na Bolívia.
As Mães da Praça de Maio, histórico movimento de direitos humanos da Argentina, também pediu desculpas à Bolívia em nome do país.