Os paraguaios voltaram às ruas nesta quarta-feira (17) em razão da votação do pedido de impeachment do presidente Mario Abdo Benítez, o Marito, por má gestão da pandemia. Apesar da forte mobilização vista nas últimas semanas, o Congresso deve poupar o colorado de uma deposição. Enquanto ocorria a sessão, o presidente Jair Bolsonaro se reunia com o chanceler paraguaio, Euclides Acevedo, no Planalto.
"Diante da grave situação política, econômica, social e sanitária em todo o país estamos mobilizados exigimos a renúncia ou o impeachment do presidente da república Mario Abdo Benítez e do vice-presidente Hugo Velazquez por corrupção, porque utilizaram a pandemia para saquear o Paraguai", disse Ramón Medina, da Coordenação Coordinadora Nacional de Organizações Campesinas e indígenas, durante ato em frente ao Congresso.
Segundo relatos da imprensa paraguaia, enquanto a sessão caminha para o arquivamento do pedido de impeachment, os protestos vão ganhando mais corpo. O setor apoiado pelo ex-presidente Horácio Cartes indica que irá compor com a bancada pró-Abdo e o governo será mantido. Os dois são do mesmo Partido Colorado, mas há uma divisão entre cartistas e abdistas.
Enquanto é operado o acordão no Legislativo, o governo buscar sustentação no Brasil de Bolsonaro. O ministro das Relações Exteriores do país vizinho veio a Brasília se encontrar com o presidente brasileiro quase simultaneamente à sessão.
Segundo informações do Planalto, Acevedo "veio ao Brasil pedir ajuda para combater a Covid-19 no país vizinho", mas o que tudo indica é que Bolsonaro parece se somar em uma operação "Salva Marito" - seu aliado. Quando a crise estourou no Paraguai por conta da falta de vacinas, o governo do Chile, comandado pelo direitista Sebastián Piñera, logo fez um gesto para ajudar o aliado e doou imunizantes.
O jornal La Nación afirmou que o encontro realizado em Brasília tratou sobre relações bilaterais e sobre o calendário de vacinação da Fiocruz e do Instituto Butantan, o que indica um possível envio de doses para o país vizinho.