Megainvestidor americano-alemão diz que Lula não assusta mercado: "Pode dar impulso à economia"

Em entrevista, Mark Mobius sinalizou uma aceitação do mercado a Lula e ainda elogiou programas sociais como o Bolsa Família: "Esperamos que seu retorno resulte em mais iniciativas desse tipo"

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O mercado financeiro já está visualizando um possível retorno do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto e um novo mandato do petista poderia ser bom para a economia. Ao menos é o que sinalizou, para a frustração de alguns analistas de política liberais, o megainvestidor americano-alemão Mark Mobius em entrevista à BBC News Brasil nesta quinta-feira (11).

O veículo procurou Mobius, que atualmente é considerado o "guru dos emergentes" com sua gestora de investimentos, a Mobius Capital Partners LLP, para que ele dissesse como o mercado avalia uma possível eleição com Lula em 2022, visto que o ex-presidente recuperou seus direitos políticos ao ter suas sentenças da Lava Jato anuladas após decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao contrário do que dizem parte dos economistas de direita, Mobius afirma que um novo governo de Lula não assusta o mercado.

"É duvidoso que um retorno de Lula resultaria em um governo marcadamente hostil aos negócios", disse o investidor. A fala vem exatamente um dia após o ex-presidente pedir, em coletiva de imprensa, para que o mercado não tenha medo dele. "Por que o mercado tem medo de mim? Esse mercado já conviveu com o PT oito anos comigo e mais seis com a Dilma Rousseff. Qual é a lógica? Eu não entendo esse medo, eu era chamado de conciliador quando presidia. Quantas reuniões fazia com os empresários? Dizia: ‘O que vocês querem? Então, vamos construir juntos’", disse o petista.

Segundo o investidor, o suposto "populismo" de Lula não representaria, necessariamente, irresponsabilidade fiscal, e que se esse populismo "resultar em um surto de crescimento, tanto melhor". Mobius ainda elogiou o programa Bolsa Família, criado durante a gestão do petista.

"Seu programa Bolsa Família para promover a educação de crianças em famílias de baixa renda foi um passo importante para o país e esperamos que seu retorno resulte em mais iniciativas desse tipo. Finalmente, sua imensa popularidade poderia resultar em um movimento para uma maior participação do governo pelas massas", declarou.

"Podemos esperar que, como no passado, ele [Lula] se envolverá em grandes repasses do governo aos pobres e em grandes projetos de infraestrutura agora que os preços das commodities estão se recuperando. Isso poderia dar um grande impulso à economia. Neste mundo, como vemos no programa de gastos de Biden, grandes gastos do governo estão em voga, então Lula não será culpado por isso", completou.

Sobre o suposto "temor" do mercado com relação às denúncias de corrupção durante os mandatos de Lula, Mobius minimizou: "Se ele voltar, as preocupações com a corrupção não serão tão prevalentes simplesmente porque os escândalos da Lavo Jato resultaram em uma vigilância muito maior e preocupação com algo assim acontecendo novamente".

O megainvestidor ainda chamou Lula de "homem do povo", sinalizando que isso seria positivo. "Provavelmente, a coisa mais legal que você pode dizer sobre Lula é que ele é 'um homem do povo' – uma representação dos segmentos de renda média e baixa da sociedade mais do que Bolsonaro. Essa popularidade entre os grupos de renda média e baixa pode resultar no aproveitamento de mais crescimento por meio de políticas que os favoreçam", atestou.

Confira a íntegra da entrevista aqui.

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