Gabriel Boric, candidado da Frente Ampla de esquerda no Chile, derrotou o empresário de extrema-direita José Antonio Kast, conhecido como "Bolsonaro chileno", no segundo turno da eleição presidencial, celebrado neste domingo (19). A apuração segue em andamento, mas o resultado já é visto como irreversível.
Com 99% apurado segundo o Serviço Eleitoral do Chile (Servel), Boric ostenta uma margem de mais de 10 pontos percentuais e quase 1 milhão de votos. O candidato de esquerda tem 55,9% dos votos, enquanto Kast aparece com 44,1%. A participação eleitoral superou os 55%, a maior desde 2009.
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Gonzalo de la Carrera, deputado do Partido Republicano que faz parte do comando de campanha de Kast, admitiu durante transmissão da Meganotícias que o resultado já era irreversível com 50% apurado. "Acredito que, com o percentual já apurado, o resultado é irreversível", afirmou.
Kast publicou em sua conta no Twitter que ligou para Boric para reconhecer a derrota e felicitar o novo presidente.
Boric assume um Chile em ebulição
Nos últimos anos o Chile se viu marcado por fortes protestos que questionavam a hegemonia do neoliberalismo no país que foi um laboratório para essa doutrina política-econômica.
A onda de mobilização sacudiu o país e provocou a abertura de um processo constituinte para rever a Constituição que está em vigor desde a ditadura do general Augusto Pinochet.
Boric é parte desse processo. O presidente eleito foi líder estudantil na onda de protestos de 2011 que pedia uma educação gratuita e universal. Aquele onda cresceu e desaguou nas gigantescas marchas de 2019.
Quem é Gabriel Boric?
Boric começou sua militância política lutando por educação pública, gratuita e de qualidade em um país estruturado pelo modelo neoliberal dos tempos de Pinochet. A mobilização de 2011 tomou grandes proporções e estremeceu o solo chileno. A histórica política do presidente eleito é a histórica desse processo. Naqueles tempos, presidiu o diretório estudantil da Universidade do Chile.
As faíscas de 2011, sem dúvidas, contribuíram para a hecatombe que foi a mobilização ocorrida em 2019. A jornada de protestos contra o neoliberalismo e a herança pinochetista expôs as feridas de um país que foi vítima de uma das ditaduras mais cruéis da América Latina.
Matéria em atualização