Após ter renunciado de forma relâmpago ao cargo de primeira-ministra na semana passada por rejeição de sua proposta de orçamento, a primeira mulher da história com a tarefa de comandar o governo da Suécia voltou a ser eleita nessa segunda-feira (29) para exercer a função.
Líder do Partido Social-Democrata dos Trabalhadores da Suécia (SSAP), Eva Magdalena Andersson, 54, era a atual Ministra da Economia. Eleita com uma margem pequena de votos (101 a favor; 75 abstenções; e 173 contrários), ela terá o desafio de comandar o país até a próxima eleição marcada para setembro de 2022.
Em um momento em que todos os países nórdicos são governados por partidos de centro-esquerda, Andersson terá a empreitada de recuperar os índices de popularidade de seu partido, um dos mais baixos das últimas décadas. Tradicionais na Europa do norte e ocidental, os partidos sociais-democratas buscam conciliar elementos de filosofias capitalistas e socialistas, com destaque para estruturas estatais fortes em políticas sociais, o chamado Estado de Bem-Estar Social.
Dos anos 30 aos 80, o SSAP atingiu em média mais de 40% dos votos, estando continuamente no governo. Desde 2014, o país vem sendo governado pelo partido, sob liderança do ex-metalúrgico e sindicalista Stefan Löfven.
Após perder o apoio do Partido de Esquerda por sua atuação durante a pandemia e a gestão dos preços dos aluguéis, Löfven (SSAP) sofreu um impeachment (2021) no Riksdag (parlamento) convocado pelo Partido dos Democratas Suecos (de extrema-direita), o Partido Moderado e o Partido dos Democratas-Cristãos.
Forçado a encontrar uma solução, o SSAP teve que recuperar o apoio do Partido da Esquerda (Vänsterpartiet) com outro status. Até então, o SSAP governava com o Partido de Centro, o Partido Verde e o Partido Liberal, que além da questão da pandemia, dos preços dos aluguéis, pressionam por uma reforma trabalhista.
Agora, Magdalena Andersson deve conduzir o chamado “governo de minoria”, pois apesar dos sociais-democratas terem vencido as últimas eleições e terem a maior bancada, governarão sozinhos. Com limitações para mudanças legislativas mais profundas e muito malabarismo para contar com o apoio de seus “aliados desconfiados”, que apesar de não votarem contra sua assunção, se abstiveram. A primeira mulher chefe de governo na Suécia assume uma tarefa de alto risco.
Nas últimas eleições, o chamado reino da social-democracia viu um crescimento exponencial da extrema-direita com um discurso muitas vezes racista devido a imigração massiva.