Mentor do clã Bolsonaro e ex-estrategista de Donald Trump, Steve Bannon se entregou ao FBI nesta segunda-feira (15). Ele é acusado criminalmente de ter desobedecido um mandado do comitê legislativo que investiga a invasão do Congresso dos EUA em 6 de janeiro.
Ele foi denunciado duas vezes por desacato na sexta-feira: por se recusar a comparecer para depor e por se recusar a fornecer documentos em resposta a uma intimação da comissão.
"Estamos derrubando o regime de Biden, eu quero que vocês fiquem focados, isso é só ruído", ele disse antes de se entregar. Ele deve ser ouvido por um juiz ainda nesta segunda-feira.
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Bannon se recusou a testemunhar e a entregar documentos sobre os ataques ao Capitólio em 6 de janeiro. Ele é suspeito de ser um dos líderes do grupo de trumpistas que invadiu o Congresso dos EUA dias antes da certificação da vitória de Joe Biden.
Com a decisão, Bannon pode voltar para a cadeia por até um ano, caso seja condenado nas duas acusações de desacato – por não testemunho e pela recusa na entrega de documentos.
A invasão ocorreu dias antes da certificação da vitória de Joe Biden. Negando a derrota nas eleições, apoiadores de Trump invadiram o local . Cinco pessoas morreram em decorrência dos conflitos e mais de 670 foram acusadas na Justiça por envolvimento na invasão.
O advogado de Bannon havia justificado o não cumprimento das solicitações do Congresso afirmando que o sigilo do conteúdo da comunicação com presidentes como Trump é protegido pelo “privilégio executivo”.
Bannon já foi preso por fraude
A primeira prisão de Bannon aconteceu em 20 de agosto de 2020.
Acusado de fraude na campanha “We Build the Wall campaign” – “Nós Construímos o Muro”, em tradução livre -, que teria arrecadado 25 bilhões de dólares para construção do muro na fronteira entre EUA e México, Bannon foi preso a bordo de um iate de 28 milhões de dólares que pertence ao bilionário chinês Guo Wengui, que se refugiou nos EUA após ser acusado de corrupção, suborno, sequestro, lavagem de dinheiro e estupro pelo governo da China.
Segundo a denúncia, “os réus fraudaram centenas de milhares de doadores, capitalizando seus juros em financiar um muro de fronteira para arrecadar milhões de dólares, sob a falsa pretensão de que todo esse dinheiro seria gasto em construção”.
“Lula é o esquerdista mais perigoso do mundo”
Em encontro entre lideranças radicais ultraconservadoras em agosto deste ano, Steve Bannon disse que “Bolsonaro enfrentará o esquerdista mais perigoso do mundo, Lula”.
O evento, realizado no Estado da Dakota do Sul, um dos maiores redutos eleitorais de Trump, foi organizado pelo empresário Mike Lindell, apontado como um dos maiores financiadores e divulgadores de teorias conspiratórias durante a gestão do ex-presidente republicano, derrotado pelo democrata Joe Biden quando disputava a reeleição, no ano passado.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) participou do encontro e foi reverenciado por figuras da extrema direita norte-americana, sendo chamado inclusive por Bannon de “terceiro filho de Trump nos trópicos”.
No evento, Eduardo voltou a insistir na tese de fraude nas eleições e repetiu a já batida cantilena de que é necessário a impressão dos votos para que o pleito possa ser auditado, ignorando o fato de que isso já é possível e assegurado pelo modelo eletrônico atual.