Marqueteiro e inventor de Donald Trump, Steve Bannon deve ser acusado nesta terça-feira (19) de desacato criminal pelo comitê da Câmara dos Representantes que investiga o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos por integrantes de movimentos de extrema direita.
Segundo a colunista do G1 Sandra Cohen, a comissão quer encontrar os vínculos entre Trump e seu conselheiro nos fatos que antecederam o ataque feito no dia 6 de janeiro para impedir a legitimação de Joe Biden como presidente dos EUA.
Bannon foi intimado a depor no último dia 14, mas não compareceu à audiência. Trump teria instruído, por meio de seu advogado, quatro ex-assessores a não testemunharem ao Congresso. Em seu podcast "War room", Bannon disse recentemente ter advertido Trump a “eliminar o governo Biden ainda no berço, por sua incompetência e ilegitimidade”.
Depois da votação do comitê, a acusação vai ao plenário da Câmara, de maioria democrata, e deve ser ratificada. Se for considerado culpado por desacato ao Congresso, Bannon pode ser obrigado a pagar multa e a enfrentar 12 meses de prisão. O processo é encaminhado ao Departamento de Justiça, mas leva anos para ser concluído.
Por esta razão, democratas acusam o estrategista de Trump de mais uma artimanha para atrasar a investigação. Ele conta com apelações judiciais, que poderiam postergar a decisão final para depois das eleições de meio de mandato, em novembro de 2022.
Conluio com a família Bolsonaro e ataques a Lula
Líder do "The Movement", que engloba grupos da ultradireita conservadora liberal, Bannon é admirado pela família Bolsonaro, principalmente pelo deputado federal Eduardo (PSL), escolhido por ele para representar seu movimento na América Latina.
O guru foi acusado, inclusive, de estar atuando juntamente com o clã Bolsonaro para orientar os ataques às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral brasileiro, em uma tentativa parecida com a feita durante a reeleição de Trump nos EUA.
No início de setembro, Bannon afirmou que a eleição brasileira de 2022 será “a mais importante de todos os tempos na América do Sul”. Nela, “Jair Bolsonaro enfrentará Lula, o esquerdista mais perigoso do mundo. Um criminoso e comunista”, disse ele.
Na ocasião, ele fez mais um ataque às urnas eletrônicas, afirmando que Bolsonaro ganharia, a não ser que a eleição fosse roubada pelas máquinas.