A OEA (Organização dos Estados Americanos) emitiu um comunicado nesta quarta-feira (6) no qual “condena e repudia” a invasão do Capitólio, o edifício do Congresso dos Estados Unidos, por parte de apoiadores do ainda presidente Donald Trump.
Entretanto, o texto publicado pela entidade se destaca pela forma polida em que tenta descrever o ocorrido, evitando termos como “golpe de Estado”, ou definições como “risco para a democracia”.
Segundo a entidade, cujo secretário-geral Luis Almagro tem sido um aliado fiel do atual governo dos Estados Unidos, tudo não passou de um “atentado contra as instituições (…) realizado por manifestantes que desconhecem os recentes resultados eleitorais”.
Mesmo no trecho mais eloquente do texto, onde se admite que “o uso da força e o vandalismo contra as instituições constitui um grave ataque contra o funcionamento democrático”, a OEA evita dizer quem é responsável por tais atos, e a qualificá-los como uma tentativa de golpe.
Nesta quarta, uma horda de fanáticos por Donald Trump realizou ataque pouco depois da divulgação de um discurso em vídeo do mandatário nas redes sociais, incitando o golpismo, assegurando que “nunca aceitará a derrota” e defendendo que seus seguidores também tomem essa postura.
“Nós nunca vamos conceder (a eleição). Isso não vai acontecer… não vamos mais aceitar isso”, disse Trump aos seus apoiadores.
Milhares deles reagiram ao discurso promovendo um ataque ao Capitólio. Boa parte das pessoas que participaram do protesto estava armada. Eles interromperam a sessão que fazia a contagem oficial dos votos do colégio eleitoral pelo Congresso, e que deveria terminar com a homologação da vitória de Joe Biden, do Partido Democrata, que passaria a ser presidente eleito dos Estados Unidos, desta vez de forma irreversível.
Leia abaixo texto na íntegra:
Declaração da Secretaria-Geral da OEA sobre incidentes em Washington, DC
6 de janeiro de 2021
A Secretaria-Geral da OEA condena e repudia os ataques contra instituições que estão sendo perpetrados hoje nos Estados Unidos por manifestantes que desconhecem os recentes resultados eleitorais. A democracia tem seu pilar fundamental na independência dos Poderes do Estado, que devem atuar totalmente livres de pressões.
O exercício da força e o vandalismo contra as instituições constituem um sério atentado ao funcionamento democrático.
É necessário recuperar a racionalidade e encerrar o processo eleitoral de acordo com a Constituição e os procedimentos institucionais correspondentes.