“Nosso povo corre risco de extinção”. Esta foi a frase com a qual o premiê da Armênia, Nikol Pashinian, definiu a atual situação do país, durante uma entrevista nesta terça-feira (29) para o canal russo Rossiva 24.
Pashinian acusa o Azerbaijão de bombardear aldeias no território do seu país, por conta do aumento da tensão na região fronteiriça de Nagorno Karabakh, e afirma que os dois países já estão em situação de guerra.
Tanto a Armênia quanto o Azerbaijão formaram parte da União Soviética,e enfrentam tensões em suas regiões fronteiriças desde o fim daquele bloco, em 1992. Apesar da queixa de Pashinian, a verdade é que o conflito, iniciado dias, atrás já produziu ataques dos dois lados. No entanto, o cenário que poderia se tornar mais complexo para os armênios, devido ao apoio da Turquia ao exército azerbaijano.
Até a segunda-feira (27), os turcos negavam estar envolvidos no conflito, apesar de as autoridades armênias assegurem ter identificado aviões turcos sobrevoando seu território, e também a presença de conselheiros militares turcos nas regiões onde estão posicionadas as tropas do Azerbaijão próximas à fronteira com a Armênia.
Mas tudo mudou nesta terça, quando o Ministério de Relações Exteriores da Turquia confirmou a “decisão do presidente Recep Tayyip Erdogan de apoiar o Azerbaijão diante da provocação militar da Armênia”.
A posição turca é polêmica, já que não há nenhum motivo aparente para tanto. Porém, vale lembrar que o Império Otomano (atual Turquia) foi responsável pelo genocídio do povo armênio, realizado entre os anos de 1915 e 1917. Se estima que, durante o massacre, foram mortos entre 800 mil e 1,8 milhão de pessoas. Até hoje os turcos negam ter cometido aquelas atrocidades e afirmam ser vítimas de uma campanha de desmoralização por parte dos armênios.
Na tentativa de buscar um aliado estratégico, o líder armênio ligou para o presidente russo Vladimir Putin, segundo o revelado na mesma entrevista. Pashinian afirma que a conversa aconteceu no domingo (27), e que ele pediu ao Kremlin que atuasse como mediador no conflito.
A resposta de Moscou veio nesta mesma terça, na forma de um comunicado. “Por iniciativa do lado armênio, uma conversa telefônica ocorreu entre o presidente russo Vladimir Putin e o primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinian. Os líderes discutiram a grave escalada da situação na zona de conflito de Nagorno-Karabakh. O Presidente Putin expressou suas sérias preocupações sobre as novas hostilidades militares em grande escala na região, e disse que está disposto a dialogar para buscar um imediato cessar-fogo”, afirma a nota da diplomacia russa.