Nesta terça-feira (4), Alberto Fernández viveu o que, até agora, é a façanha mais importante dos seus quase 8 meses de governo. A última oferta da Argentina foi aceita pelos credores internacionais, o que permitirá ao país estabelecer formalmente uma agenda para o pagamento da dívida bilionária deixada pelo governo de Mauricio Macri.
O ministro de Economia da Argentina, Martín Guzmán, anunciou nesta terça que a proposta finalmente foi aceita, e significará a anulação de pouco mais de 33 bilhões de dólares da dívida, equivalente a pouco mais de um terço do total. “Este é um passo importante para este governo, porque temos um projeto ambicioso de recuperação econômica do país, mas precisávamos concluir essa reestruturação da dívida para tornar ele possível”, explicou o ministro.
O presidente Alberto Fernández também comemorou o resultado das últimas negociações, que já contavam com o apoio do FMI (Fundo Monetário Internacional), e que agora foi aceita inclusive pelos chamados “fundos abutre” (grandes grupos que vivem do capital especulativo e da compra de dívidas de países, e que dificilmente concordam com renegociações que signifiquem um grande perdão de dívida).
“Solucionamos um problema enorme, uma dívida que seria considerada impagável por qualquer país, ainda mais em meio a uma das maiores crises econômicas deste país e do mundo inteiro, e em meio a uma pandemia. Nesses oito meses, disseram que estávamos mal informados, que não entendíamos nada, que estávamos no caminho do fracasso, porque não aceitamos as ofertas de credores. Finalmente, fechamos um acordo que permite à Argentina economizar 33 bilhões de dólares da dívida, durante os próximos dez anos. Agora abrimos o horizonte para onde queremos ir”, declarou Fernández, em entrevista à imprensa local.
Com a reestruturação, a Argentina terá que pagar pouco mais de 66 bilhões de dólares, que estão distribuídos entre os títulos pertencentes a três grupos de credores: o Grupo Ad Hoc da Argentina, o Comitê de Credores da Argentina e o Grupo de Bond Exchange.
Fernández também conseguiu impor um calendário de pagamento que permitirá à Argentina começar a pagar a dívida somente em 2023, e com uma redução de 62% na taxa de juros.