Nos Estados Unidos, o movimento extremista QAnon tem sido considerado um dos fatores que podem mudar o rumo das eleições nos Estados Unidos, dando um novo ar ao atual presidente Donald Trump, que parecia ter sua reeleição em risco até meados de julho e agora começa a se recuperar nas pesquisas, graças ao poder do grupo em difundir teorias conspiratórias e fake news a seu favor.
Mas se engana quem acha que esse é um fenômeno restrito ao território norte-americano. No Brasil, entusiastas do QAnon são cada vez mais frequentes, e como não poderia deixar de ser, onde eles mais se proliferam é dentro dos fóruns bolsonaristas nas redes sociais.
O QAnon estadunidense tem um objetivo: ela canaliza diversas teorias conspiratórias, das mais conhecidas às mais absurdas, em um denominador comum: a ideia de que Donald Trump é o escolhido por uma força secreta para lutar contra os supostos donos ocultos do mundo, uma rede que incluiria pedófilos, artistas famosos, cientistas, políticos de esquerda em geral e até bilionários como Bill Gates e George Soros.
No Brasil, a proposta é a mesma, com Jair Bolsonaro no papel desse suposto herói escolhido por Deus. Os inimigos do QAnon brasileiro são outros: o STF, uma suposta aliança oculta entre PT e PSDB, uma organização que atuaria nas sombras para impor o confinamento durante a pandemia, e tudo mais que couber no rótulo de “comunistas disfarçados”.
A preocupação com o crescimento do QAnon nos Estados Unidos levou o FBI a promover uma investigação a respeito. Um informe dela, em agosto de 2019, mostrou que as ideias do movimento “muito provavelmente, levarão grupos e indivíduos extremistas a cometer atos criminosos ou violentos”, e que inclusive poderiam gerar “uma potencial ameaça interna de terrorismo”.