Nesta quinta-feira (27), o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), o diplomata uruguaio Luis Almagro, decidiu não referendar a reeleição do brasileiro Paulo Abrão como secretário-executivo da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), apesar de seu nome ser aclamado por unanimidade dentro do órgão, para um novo mandato de quatro anos.
A polêmica sobre o tema ganhou força nesta sexta, ao se descobrir que a polêmica acontece justamente quando Abrão finalizava os detalhes da apresentação de um informe da CIDH sobre o Brasil, que abordaria o crescimento da influência das milícias no país e também das ameaças aos direitos humanos das minorias, dois temas com grande potencial de envolver o presidente Jair Bolsonaro, seus familiares, aliados políticos e grupos de apoiadores diversos.
Uma reportagem do site BBC News Brasil, que teria tido acesso a trechos do relatório, afirma que o texto “identificaria a deterioração, os retrocessos e as graves violações de direitos humanos no país” nos últimos anos, em investigação que cobriria denúncias desde novembro de 2018, quando houve uma visita de membros da CIDH ao país, um mês após a vitória eleitoral de Bolsonaro.
Entre os dados apresentados pelo estudo estariam 45 críticas públicas, petições e recomendações ao governo brasileiro a respeito das recentes violações aos direitos humanos, além do relatório especial em fase de finalização. O estudo estava programado para ser apresentado em setembro, mas pode ser adiado devido às consequências da recente decisão do secretário-geral da OEA.
A reportagem afirma que procurou representantes da OEA e do Itamaraty para que comentassem essa coincidência entre o afastamento de Abrão e as muito prováveis críticas da CIDH ao governo brasileiro, mas não obteve respostas em nenhum dos dois casos.