O Grupo de Puebla, organização que reúne 44 personalidades da política ibero-americana, revelou nesta quinta-feira (13) que conformará um observatório eleitoral, com o qual pretende enviar delegações para fiscalizar processos eleitorais na América Latina.
Segundo a entidade, a iniciativa tem como objetivo “colaborar com a defesa de maiores garantias de transparência eleitoral e respeito à vontade popular expressa nas urnas”, segundo comunicado.
Apesar de não admitir publicamente, o Grupo de Puebla dá a entender que a ideia também é servir como contra ponto à OEA, cuja missão de observadores que acompanhou a última eleição na Bolívia teve papel decisivo no golpe de Estado de novembro de 2019, pelo qual as Forças Armadas derrubaram o governo legítimo de Evo Morales e impuseram a senadora Jeanine Áñez como ditadora.
“A Bolívia foi alvo de uma guerra comunicacional na qual usaram observadores eleitorais para construir um cenário favorável ao golpe e levar Áñez ao poder. É preciso que as missões de observação sejam mais amplas, para evitar esse tipo de manipulação”, comentou a senadora boliviana Adriana Salvatierra, membro do Grupo de Puebla – como curiosidade, Salvatierra era presidenta do Senado quando houve o golpe de Estado na Bolívia, mas os militares também a obrigaram e renunciar, para que Áñez, vice-presidenta da câmara alta, assumisse o cargo.
As eleições gerais da Bolívia, que acabam de ser adiadas pela terceira vez, e que provavelmente ocorrerão em outubro, são um dos objetivos do novo observatório.
Também em outubro deve acontecer o plebiscito constitucional no Chile, através do qual os movimentos sociais pretender decretar o fim da atual constituição, imposta pelo ditador Augusto Pinochet em 1980, e instalar a primeira assembleia constituinte da história do país andino, e o observatório também se organiza para participar como órgão fiscalizador deste evento.
Outra eleição que o Grupo de Puebla pretende observar é a que ocorrerá no Equador, em fevereiro de 2021. Também existe a possibilidade de enviar uma missão para acompanhar as eleições legislativas da Venezuela, em dezembro de 2020.
Entre os nomes brasileiros que compõem o Grupo de Puebla estão os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, além de Carol Proner, Fernando Haddad, Celso Amorim e Aloizio Mercadante.