Menos de 24 horas depois das eleições municipais no país, o presidente francês Emmanuel Macron fez um discurso no qual deixou em evidência que sentiu o golpe sofrido pelo seu partido, o LRM (sigla em francês de “República em Marcha”, de direita neoliberal), um dos maiores perdedores da jornada eleitoral.
A prova de que o mandatário já atua em função dos resultados de domingo foi seu forte discurso ambientalista logo nesse primeiro discurso, no qual destacou medidas de sustentabilidade e combate às mudanças climáticas.
Isso porque o grande vencedor destas eleições municipais, segundo a imprensa local, foi o EELV (sigla em francês do Partido Verde Europeu).
Em aliança com partidos históricos da esquerda, como o Partido Socialista e o Partido Comunista, os Verdes venceram 16 disputas, incluindo a segunda e terceira das maiores cidades do país: Marselha e Lyon, respectivamente. Também estão entre os vencedores da capital Paris, já que a socialista Anne Hidalgo foi reeleita graças também à aliança com o partido ambientalista – assim como a esquerda também ajudou nas vitórias verdes nas outras duas grandes cidades.
Para reagir a essa “onda verde”, aliada com a esquerda, Macron anunciou que o país investirá, ainda este ano, cerca de 15 bilhões de euros para adaptar a economia aos novos parâmetros ecológicos. Também prometeu realizar um referendo para incluir, no primeiro artigo da Constituição francesa, os termos “biodiversidade, meio ambiente e luta contra o aquecimento global”.
“Acho que é uma noção extremamente estruturante para a proteção dos ecossistemas, a defesa da ecologia e da biodiversidade”, declarou o presidente, que também defendeu o termo “justiça verde” e a criação do conceito penal de “ecocídio”, duas ideias que costumam ser defendidas pela ativista sueca Greta Thunberg.
Por sua parte, Yannick Jadot, deputado verde e um dos líderes do partido no país, justificou a vitória afirmando que “há uma guinada política em nosso país que está ligada à pandemia do coronavírus. As pessoas estão entendendo que nossos modos de vida e consumo trazem como consequência problemas como os que estamos vivendo hoje no planeta”.