No último domingo (14), o jogador Marcus Rashford, do Manchester United, chamou atenção no Reino Unido ao publicar uma carta direcionada ao Parlamento solicitando o não-cancelamento do voucher de alimentação entregue pelo governo às famílias de jovens que estudam em escolas públicas. A mobilização deu certo e agora Rashford pretende levantar novas reivindicações.
"Não quero que esse seja o fim, porque há mais coisas que precisam ser feitas e precisamos apenas analisar a resposta. As pessoas estão lutando o ano todo, por isso ainda precisamos aprender mais sobre a situação em que estão e como podemos ajudá-las da melhor forma", afirmou o futebolista em entrevista à BBC News nesta quarta-feira (17).
Na carta, Rashford, um jovem negro dos subúrbios de Manchester, destaca as dificuldade que enfrentou no passado. "Minha história para chegar aqui é familiar demais para as famílias na Inglaterra: minha mãe trabalhava em período integral, ganhando um salário mínimo para garantir que sempre tivéssemos uma boa refeição da noite na mesa. Mas não foi suficiente. O sistema não foi construído para famílias como a minha terem sucesso, independentemente do quanto minha mãe trabalhasse", afirmou.
"Como família, contávamos com clubes de café da manhã, refeições escolares gratuitas e ações gentis de vizinhos e treinadores. Bancos de alimentos não eram estranhos para nós", relembrou.
"Durante essa pandemia, as pessoas estão vivendo no fio da navalha: uma conta atrasada causa uma espiral de ansiedade e estresse de saber que a pobreza é o principal motivo para as crianças precisarem de cuidado. Um sistema que é projetado para falir com famílias de baixa renda. [...] Encorajo vocês a ouvir apelos e encontrar sua humanidade. Reconsiderem a decisão de cancelar o plano de vale-refeição durante o período de férias de verão e garantir sua extensão", clamou.
O manifesto de Rashford viralizou e fez com que o governo britânico mudasse de ideia sobre a suspensão do benefício. O premiê conservador Boris Johnson elogiou a contribuição do atleta.
Com informações da BBC News e do GloboEsporte