A pandemia do coronavírus na França produziu algo que é muito difícil acontecer em muitos países: a união das esquerdas.
Nas últimas semanas, o Partido Verde, o Partidos Comunista, outros partidos progressistas menores, movimentos sindicais, ecologistas, comunitários, identitários e organizações diversas vêm realizando reuniões ao redor de um grupo de trabalho, cujo objetivo é a conformação de uma proposta comum de esquerda para superar a crise, tanto no aspecto da saúde quanto da economia.
Entre os pontos abordados pelo grupo de trabalho estão a desglobalização, o estabelecimento de um salário mínimo universal, a preferência do Estado na gestão dos serviços públicos, a renacionalização de empresas estratégicas, o congelamento das privatizações programadas para os próximos meses, entre outros.
Os líderes do grupo dizem estar “correndo contra o relógio”, pois embora considerem que a epidemia está criando mais consciência na população sobre a necessidade de maior presença do Estado na economia, também acreditam que os setores neoliberais estão esperando para contra-atacar após o fim da pandemia.
“As receitas liberais estão no freezer, mas estão prontas para o microondas. Os ecocidas e os estadocidas apenas esperam a chance para que o banquete possa ser servido novamente”, afirma Fernand Dupont, militante do movimento França Insubmissa, movimento liderado por Jean-Luc Mélenchon.
Por sua parte, a deputada Elsa Faucillon, do Partido comunista, acredita que “traçar um caminho comum, uma perspectiva política que uma todos esses setores, não será uma tarefa fácil, mas necessária neste momento, considerando que os tempos futuros só poderão ser viáveis para nossa sociedade se não forem uma cópia degradada ou catastrófica do tempo anterior, que nos levou a esta situação de caos e pânico que temos agora”.