O ex-presidente Lula e a ex-presidenta Dilma Rousseff participaram de uma reunião virtual do Grupo de Puebla nesta sexta-feira (10) que contou com a presença de cerca de 40 lideranças políticas e sociais da América Latina, incluindo o presidente da Argentina, Alberto Fernández, e outros 8 ex-presidentes.
Lula, que encerrou a conversa e emocionou os presentes, disse que os governantes devem "tomar decisões valentes" em um momento como esse, de pandemia do novo coronavírus.
"Nós que fomos governantes temos que ter clareza da universalidade das políticas públicas que o estado tem que oferecer ao seu povo", declarou. "Somente o Estado pode garantir os direitos sociais de todo e qualquer cidadão", completou.
Foi a primeira participação do ex-presidente em um fórum do Grupo de Puebla. No último encontro, que contou com a presença de Dilma Rousseff, Lula havia acabado de deixar a prisão e mandou um vídeo dizendo que "ainda sonha construir uma grande América Latina".
Fernández, que foi o único presidente em exercício a participar da conversa, disse que "ninguém se salva sozinho" e afirmou que a saúde deve estar em primeiro lugar nesse momento. "Entre a economia e a saúde das pessoas, escolhi a saúde. Uma economia que cai 11% pode subir novamente. Um homem ou uma mulher que morre, não", afirmou. A declaração confronta diretamente o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
Na conversa, os líderes regionais pregaram também o perdão da dívida dos países da América Latina com organismos de crédito internacional diante da necessidade do investimento público para superar a pandemia do novo coronavírus.
"É importante que as organizações internacionais perdoem dívidas. A vida não pode ser uma mercadoria, a saúde não pode ser um negócio. A economia é importante, mas a primeira vida deve ser salva", disse o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales. Morales foi deposto por um golpe de Estado no final de 2019.
Entre as diversas lideranças regionais, participaram os ex-presidentes Rafael Correa, do Equador, Fernando Lugo, do Paraguai, Ernesto Samper, da Colômbia, Martin Torrijos, do Panamá, Leonel Fernández, da República Dominicana, Luis Guillhermo Solis, da Costa Rica, e José Luis Zapatero, da Espanha.