Com centenas de tratores cortando algumas das principais estradas do interior da Argentina, os produtores de soja do país iniciaram nesta sexta-feira (6) uma paralisação que, segundo eles, deve durar ao menos 4 dias. A razão do locaute é o aumento dos impostos sobre a soja, anunciado recentemente pelo governo de Alberto Fernández.
Na semana passada, o Ministério da Agricultura da Argentina anunciou um aumento do imposto sobre a soja, que será progressivo. Ou seja, os pequenos produtores pagarão menos, e poderão até ter uma redução em sua alíquota, enquanto os grandes produtores terão que pagar mais.
Por exemplo, os que produzem menos de 500 toneladas poderão ter compensações que diminuirão sua alíquota em até 12%, enquanto os mega produtores, com produção acima de 1000 toneladas, terão um aumento de 3%.
Esses três pontos de aumento só para os grandes foi o suficiente para que se iniciasse o locaute, que conta com o apoio de entidades patronais como a SRA (Sociedade Rural Argentina), CRA (Confederações Rurais Argentinas), FAA (Federação Agrária Argentina) e Coninagro (Confederação Intercooperativa Agropecuária), agrupadas na chamada Mesa de Enlace.
Não está demais lembrar que algumas dessas organizações acima citadas possuem vínculos políticos conhecidos com o macrismo, e não protestaram quando o governo de Mauricio Macri realizou um aumento de impostos muito maior, de até 10%, em setembro de 2018.
Por sua parte, o governo comentou o tema através de uma entrevista do ministro da Agricultura, Luis Basterra, quem considera que é “de certa forma compreensível a reação da CRA e da Sociedade Rural, embora o aumento que propomos não é tão grande, o que é inexplicável é a reação da FAA e da Coninagro, que representam os pequenos produtores, que serão beneficiados pelas novas regras”.
Em conversa com o diário local Página/12, o ministro lembrou que o comunicado das entidades de produtores para justificar o locaute alega “critérios ideológicos” por parte do governo para impor o aumento, e respondeu que “parece que são eles que estão tomando uma postura baseada em critérios ideológicos, que leva alguns a desprezar até mesmo as vantagens que esta política dá a eles”.