Uma matéria do jornal The Guardian mostra que alguns brasileiros estão horrorizados com o fanatismo e o autoritarismo de Jair Bolsonaro e organizando boicotes às grandes empresas cujos fundadores ou proprietários apoiam o presidente de extrema-direita.
A reportagem lembra que Bolsonaro frequentemente ataca pessoas LBGT, indígenas e jornalistas, além de fazer alarde de sua admiração pela ditadura militar.
No entanto, afirma que o que está desencadeando os boicotes é recente convocação ao protesto do dia 15 de março, contra as instituições democráticas do país. “Iniciativa que é apoiada por alguns líderes empresariais – e pelo próprio presidente”, segundo a matéria.
Um dos promotores dessa ideia é o professor de jornalismo Edwin Carvalho, que através de um grupo fechado de Facebook para a comunidade LGBT, tenta difundir uma campanha contra a rede de academias Smart Fit, que tem filiais em toda a América Latina e que tem, entre seus fundadores, Edgard Corona, um dos empresários da rede bolsonarista Brasil 200.
“Sou professor universitário, jornalista, gay… sou tudo o que Bolsonaro mais detesta no mundo. Estou tentando combater um sentimento de impotência”, confessa Carvalho, 39 anos, um dos entrevistados pelo The Guardian.
Outro dos entrevistados é Luiz Pimentel, funcionário público do Rio de Janeiro, disse que quando foi cancelar a inscrição no Smart Fit, o casal à sua frente estava fazendo o mesmo. “Os líderes empresariais estão defendendo seus próprios interesses e não as pessoas. Por isso escolhi boicotar não apenas o Smart Fit, mas também outras empresas bolsonaristas”, afirmou.
O empresário Pedro Parente, que vive em Fortaleza, também falou ao The Guardian sobre porque se juntou ao boicote. “É como descobrir que uma empresa está usando trabalho escravo. Eu tenho o direito de não consumir seus produtos ou serviços”, explicou.
Contudo, a reportagem consultou a Smart Fit sobre o apoio de Corona a Bolsonaro, e obteve a seguinte resposta: “A Smart Fit não defende nenhum político ou partido. Nossa principal missão é tornar democrático o acesso ao fitness de alto padrão. Além disso, empresa apoia a causa LGBTQIA+”.
A matéria do jornal britânico descreve a Brasil 200, da qual faz parte Edgard Corona, como uma “poderosa rede de empresários que se organiza através do whatsapp para difundir campanhas de apoio ao governo de Bolsonaro”. A matéria mostra que Corona é ativo na rede social, pela qual vem difundindo vídeos para atacar o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e também alguns membros do STF (Supremo Tribunal Federal), incluindo seu presidente Dias Toffoli.