Depois que o general iraniano Qassem Soleimani foi morto por forças norte-americanas em um ataque aéreo no Iraque, no começo de janeiro, a embaixada do Brasil em Bagdá passou a enviar telegramas ao ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, comunicando uma possível guerra. Os documentos mostram que os diplomatas adotaram medidas para a proteção dos brasileiros, incluindo compra de combustível e comida.
“As circunstâncias da morte do general Soleimani e do comandante Abu Mahdi al-Muhandis constituem grave escalada, em território iraquiano, nas disputas envolvendo Irã e EUA e, certamente, deterioram, em muito, o já delicado quadro político-militar no Iraque. Não é descabido temer a eclosão de conflagração interna”, diz o comunicado.
Na época, o presidente Jair Bolsonaro prestou apoio ao governo de Donald Trump e disse que estava na “luta contra o flagelo do terrorismo”, ignorando a morte do militar iraniano. A mensagem foi criticada pela comunidade muçulmana, o que elevou a tensão sob o Brasil.
Em outro relatório, enviado no dia 3 de janeiro em caráter “urgentíssimo”, a embaixada brasileira descreve a escalada da tensão e os protestos em Bagdá. O governo brasileiro foi alertado sobre a decisão de uma empresa de segurança privada americana de retirar 900 funcionários do Iraque por precaução.
Ao mesmo tempo, a embaixada recebia “inúmeros pedidos de orientação” de brasileiros que vivem no Iraque. “No atual quadro de incertezas e especulações, a embaixada do Brasil recomenda aos portadores de passaporte brasileiro que monitorem as notícias por meio de fontes confiáveis, evitando tomar decisões com base em rumores e especulações que, como sabemos, são comuns e se espalham rapidamente nessas horas de crise”, dizia o comunicado.
Com informações do Estado de S. Paulo.