O Ministério Público da Bolívia iniciou nesta quarta-feira (9) uma acusação formal contra o empresário e líder político de extrema-direita Luis Fernando Camacho, por sua participação no golpe de Estado contra o então presidente Evo Morales, no dia 10 de novembro de 2019.
O procurador Omar Mejillones, que comandará a causa, disse que acatou a denúncia iniciada pela ex-deputada Lidia Patty, do MAS (Movimento ao Socialismo, partido de Evo e do atual presidente Luis Arce), e considerou que “os documentos apresentados justificam uma investigação profunda contra seis figuras apontadas como principais responsáveis pelos acontecimentos”.
O nome de Camacho se destaca na lista de acusados, ele foi um dos principais líderes civis do golpe, e chegou a invadir o Palácio Quemado (sede do Executivo boliviano) com uma bíblia, após as Forças Armadas obrigarem Evo Morales a renunciar.
Camacho é conhecido não só por ser um dos principais líderes do departamento de Santa Cruz do Sul, como também por ser o referente da extrema-direita no país. Também é o principal aliado de Jair Bolsonaro na Bolívia, e fazer visitas suspeitas a Brasília meses antes do golpe de Estado, nas quais chegou a se reunir com o chanceler brasileiro Ernesto Araújo.
O outro civil denunciado pelo Ministério Público é o também empresário José Luis Camacho, pai de Luis Fernando e também empresário do setor agropecuário.
Os demais acusados são todos militares: os generais Williams Kaliman Romero, Flavio Gustavo Arce San Martín e Sergio Carlos Orellana Centellas, das Forças Armadas, e o comandante da polícia, Yuri Calderón Mariscal.
Como parte das provas, o magistrado comentou um vídeo que circulou nas redes sociais, onde Camacho conta que seu pai fechou convênios com militares e policiais que desempenharam um papel fundamental no golpe contra Morales.