Equador decreta estado de exceção a 48 dias do primeiro turno das eleições

Presidente Lenín Moreno usou nova cepa do coronavírus como desculpa. Medida foi tomada uma semana depois de pesquisas em que candidato de Correa aparece na liderança

Foto: Fredy Cosntante/Presidência do Equador
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Desde a descoberta da nova cepa mais infecciosa do coronavírus SARS-CoV-2, realizada por cientistas do Reino Unido, vários países já cancelaram voos que conectavam com o país europeu, mas nenhum foi tão longe quanto o Equador, que anunciou nesta segunda-feira (21) um estado de exceção em todo o país, que inclui toque de recolher, lei seca e outras medidas restritivas.

O governo de Lenín Moreno justificou a medida dizendo que pretende evitar um quadro de crise sanitária similar ao que o país viveu entre março e maio deste ano, quando o colapso hospitalar provocou imagens assustadoras de cadáveres atirados nas ruas por falta de leitos e até de sepulturas.

No entanto, é curioso o fato de que o governo equatoriano seja um dos poucos cuja reação vai além do simples cancelamento dos voos com o Reino Unido.

O mais curioso é que a medida foi tomada faltando apenas 48 dias para o primeiro turno das eleições presidenciais no país. E se esse detalhe já não é suspeito, também está o fato de que as pesquisas mais recentes apontam uma possível vitória do economista Andrés Arauz no primeiro turno. O candidato representa a coalizão União Pela Esperança, frente política liderada pelo ex-presidente Rafael Correa.

Segundo medição publicada nesta quinta-feira (17) pelo CELAG (Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica), o ex-ministro do Planejamento do governo de Correa tem 36,6% das intenções de voto e uma vantagem de 13 pontos percentuais sobre o empresário conservador Álvaro Noboa, que aparece em segundo lugar, com 22,9%, e que está empatado tecnicamente com o líder indígena Yaku Pérez, que tem 21,2%.

O primeiro turno das eleições no Equador acontecerá no dia 7 de fevereiro. O governo não estabeleceu um limite específico para as medidas restritivas adotadas nesta segunda, mas é provável que elas sejam mantidas durante boa parte da reta final da campanha presidencial.