O TSE (Tribunal Supremo Eleitoral da Bolívia) anulou os processos contra o ex-presidente Evo Morales e o ex-vice-presidente Álvaro García Linera, por suposto crime de fraude eleitoral, que teria sido cometido durante as eleições presidenciais de outubro de 2019.
A dupla Morales-Linera venceu aquele pleito no primeiro turno, com 48% dos votos válidos e uma vantagem de mais de 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado, o neoliberal Carlos Mesa.
Porém, baseado em um informe de observadores da OEA (Organização dos Estados Americanos), o candidato derrotado alegou que houve fraude e questionou o resultado na Justiça.
Contudo, vale lembrar que a denúncia só foi apresentada formalmente depois do golpe de Estado de 10 de novembro de 2019. Naquele dia, setores políticos opositores a Morales, incluindo os partidários de Mesa e do ultraconservador Luis Fernando Camacho (maior aliado de Jair Bolsonaro na Bolívia) promoveram um golpe de Estado, que foi apoiado pelas Forças Armadas e que também foi baseado no informe da OEA.
Com a derrubada de Evo, os militares impuseram a senadora evangélica Jeanine Áñez no poder, e Mesa oficializou sua denúncia na justiça eleitoral só após a ditadora trocar toda a direção do TSE e ordenar a prisão dos diretores anteriores.
Esta é a segunda decisão favorável a Evo Morales tomada pela Justiça boliviana neste mês de dezembro. Na semana passada, outro tribunal decidiu anular o processo contra o líder indígena imposto pela ditadura de Áñez, pelo suposto crime de terrorismo.