Fim do auxílio emergencial deve aumentar pobreza e desigualdade no Brasil, diz diretora do FMI

Kristalina Georgieva alerta que corte do benefício em dezembro também pode atrasar a recuperação econômica do país

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A decisão do presidente Jair Bolsonaro de não prorrogar o auxílio emergencial para o ano que vem "é um perigo" para a pobreza e a desigualdade do país, segundo a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, ela ainda disse que o fim do programa de transferência de renda deve atrasar ainda mais a recuperação econômica do país.

"O que estava se formando eram 30 milhões de pessoas a mais na pobreza. Isso foi contido devido a esse tipo de política de suporte de emergência. Portanto, a preocupação número um é que a pobreza aumente, vimos o desemprego no Brasil aumentar", afirma Kristalina.

"Retirar o apoio poderia significar um obstáculo para a recuperação [...] Cortar essa corda de salvamento prematuramente é um perigo para a pobreza e a desigualdade e também para o sucesso na recuperação mais rápida e robusta", completou.

Para a diretora do FMI, países que dificultarem a vacinação contra a Covid-19 também enfrentarão "irregularidades" na recuperação pós-pandemia.

No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro tem criado diversos entraves à vacinação. Agora, o mandatário tenta aprovar uma espécie de termo de responsabilidade que deve ser assinado por todos aqueles que se vacinarem contra a Covid-19, isentando o Estado de responsabilidade em caso de efeitos colaterais da vacina.

"Quando você olha para o grau de preparação para a vacinação, claramente, alguns países da América Latina agiram mais rápido para garantir a vacinação de 100% de sua população, como Chile, Costa Rica e México. Depois, vemos outros um pouco atrás, e isso é uma preocupação para os formuladores de políticas públicas porque, quanto mais rápido pudermos avançar a vacinação em todas as pessoas e lugares, melhor será o resultado da recuperação econômica. Infelizmente, temos que reconhecer que, se a vacinação for retida em algumas partes do mundo, isso trará mais irregularidades na recuperação", comenta a diretora do FMI.