O debate pelo novo projeto de interrupção legal da gravidez está avançando rapidamente na Argentina, e alguns analistas prevêm que a votação na Câmara dos Deputados poderia acontecer ainda neste mês de outubro, devido à prioridade dada pelo governo de Alberto Fernández à iniciativa.
Essa celeridade tem despertado a ira dos movimentos que se consideram “pró-vida”, e que são contrários à iniciativa. Esta terça-feira (1º) foi o segundo dia seguido em que se registraram incidentes nas proximidades do Congresso argentino, com manifestantes ameaçando agredir parlamentares que chegavam ao edifício sede do Legislativo.
Entre as várias tentativas de agressão a parlamentares nestes últimos dias se destacam dois casos mais extremos. Um deles é o da deputada kirchnerista Carolina Gaillard, que além de sofrer ela mesma com as ameaças ao chegar ao Congresso ainda teve que lidar com um ataque contra seus pais, que estavam comprando em uma padaria quando foram abordados por manifestantes anti aborto.
O outro caso que chamou a atenção foi o do deputado José Luis Ramón, já que se trata de um parlamentar que é claramente contrário à legalização, mas que mesmo assim foi cercado por militantes “pró-vida” que o chamavam de “assassino” e “genocida” – o mesmo tipo de discurso usado no escrache a outros colegas.
Devido a esses incidentes, o presidente da Câmara dos Deputados da Argentina, Sergio Massa, anunciou a criação de uma comissão de juristas que analisará vídeos, panfletos e tuítes ameaçadores contra parlamentares favoráveis ao projeto de despenalização do aborto, com o objetivo de iniciar medidas legais contra os manifestantes e em defesa da integridade e liberdade dos congressistas.