Três escândalos de corrução marcaram primeiro ano de “mandato” de Juan Guaidó na Venezuela

“Mandato” de Guaidó como presidente autoproclamado esteve marcado por dois casos de desvio de fundos enviados ao seu grupo político em nome de suposta “ajuda humanitária”, e um outro caso de lobby em favor de empresários corruptos que se aproveitavam de um programa de distribuição de alimentos

Juan Guaidó (Foto: Divulgação)
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Nesta quinta-feira (23) o deputado opositor venezuelano Juan Guaidó comemorou um ano de sua autoproclamação como presidente da Venezuela. Nesses 365 dias, ele manteve o apoio dos Estados Unidos a sua estratégia de tomada do poder, mas efetivamente não conseguiu tirar o controle do país das mãos do socialista Nicolás Maduro. Mas o que mais marcou esse primeiro ano de “mandato” de Guaidó foram os três casos de corrupção envolvendo ele e seus assessores mais próximos, muitos para um sujeito que sequer assumiu o poder de forma efetiva, e mesmo assim está envolvido em desvios, especialmente de recursos que são recebidos pelo seu movimento em forma de suposta ajuda humanitária. Concerto humanitário Um dos casos tem a ver com um concerto realizado em Cúcuta, cidade colombiana próxima à fronteira com a Venezuela, com a participação de artistas como Juanes, Maluma e Luis Fonsi, e pelo qual foram arrecadados 2,4 milhões de dólares em fundos que o grupo de Guaidó recebeu para, supostamente, comprar comida e remédios para os necessitados dentro do país. Em meados de 2019, a OEA (Organização dos Estados Americanos), que apoiou o show, pediu uma investigação para esclarecer uma denúncia do jornal PanAm Post sobre uma suposta apropriação indevida dessa ajuda por parte dos representantes de Guaidó na Colômbia. Humberto Calderón Berti, que foi nomeado por Guaidó como como seu representante na Colômbia, revelou ao periódico que os recursos dessa “ajuda humanitária” foram desviados, e usado para financiar a “embaixada” opositora em Bogotá, e chegou a ser usada até para contratar prostitutas, bebidas importadas e outros luxos. Comitês de abastecimento Em dezembro de 2019, o portal Armando.info publicou uma reportagem sobre um grupo de parlamentares opositores que teriam criado um plano para indultar empresários relacionados a desvios de recursos e produtos nos contratos de alimentos distribuídos pelo governo, através dos chamados CLAP (Comitês Locais de Abastecimento e Produção). Segundo a denúncia, onze deputados de diferentes partidos opositores, incluindo três do Vontade Popular (ao qual pertence Guaidó), atuaram nos Estados Unidos e na Colômbia em favor dos empresários que desviavam os recursos que deveriam ser destinados à Venezuela. Segundo a reportagem, os opositores faziam lobby pró-empresarial com organismos como o Departamento do Tesouro, a Promotoria Geral da Colômbia para impedir que os empresários fossem investigados. Recursos da USAID Depois de perder a reeleição para a presidência da Assembleia Nacional para um grupo opositor descontente com sua atuação, Guaidó foi alvo de outra denúncia parecida com o caso do concerto humanitário, desta vez envolvendo os recursos que Guaidó recebeu da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, por sua sigla em inglês), também considerados como “ajuda humanitária”. O deputado Luis Parra, também opositor ao chavismo, que venceu Guaidó na eleição interna da Assembleia Nacional, solicitou uma investigação sobre o destino desses fundos, que seriam de quase 467 milhões de dólares. “Ninguém sabe em que mãos foram parar esses fundos, as instituições nacionais precisam investigar as pessoas e organizações que receberam esse dinheiro”, explicou o novo líder do Legislativo venezuelano. Em outubro de 2019, a USAID se comprometido 128 milhões de dólares para ajudar o grupo de Guaidó “a seguir desenvolvendo planos para recuperar a economia e implementar serviços sociais durante a transição à democracia”.