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Após reunião com o chanceler chileno, Teodoro Ribera, o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro, defendeu a repressão do governo desse país contra as manifestações que ocorrem desde outubro, pedindo o fim do modelo econômico neoliberal.
Segundo Almagro, Sebastián Piñera “tem mostrado uma postura à altura das circunstâncias, agindo dentro do Estado de direito e defendendo a ordem pública com eficiência”. Também reforçou o discurso do empresário neoliberal chileno, de que as manifestações no país são provocadas por agentes estrangeiros. “É preciso investigar o uso das redes sociais, e encontrar a origem desse movimento”, declarou o diplomata uruguaio.
Desde o início da revolta social no Chile, em outubro, o INDH (Instituto Nacional de Direitos Humanos) já registrou 27 casos de mortes por ação de policiais e militares – outras organizações falam em mais de 70. Também há mais de 29 mil casos de detenções, entre os quais a entidade considera que, pelo menos, cerca 7 mil seriam ilegais. Os casos de tortura também superam a casa dos mil. Os de abusos sexuais são 88. Também se destacam os casos de lesões oculares graves, que já são 312, sendo que 158 incluem a perda da visão de um dos olhos, e 2 casos são de perda em ambos os olhos. Esses são os números da “eficiência” de Piñera.
Mas não parou por aí. Almagro também disse que Piñera “é reconhecido por seu compromisso em promover uma agenda social que gera novas oportunidades ao povo chileno, com um trabalho que visa o desenvolvimento sustentável e soluções concretas para acabar com a pobreza e a desigualdade”.
Os elogios rasgados do secretário-geral contrastam com a realidade de um país que está entre os mais desiguais do mundo. Não entre os mais pobres, mas sim entre os que demonstram maior distância de renda e patrimônio entre os mais ricos – como Piñera, dono da maior fortuna do país – e os mais pobres, razão pela qual milhões de pessoas se manifestam no país quase diariamente, exigindo, entre outras coisas, a renúncia do presidente.