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O Ministério das Relações Exteriores, comandado pelo olavista Ernesto Araújo, soltou nota nesta quinta-feira (1º) advertindo contra "quebra da ordem democrática" no Paraguai. O país passa por uma grave crise política após a assinatura de um acordo entre o governo de Mario Abdo com o de Jair Bolsonaro que pode gerar impeachment do presidente e do vice.
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Na nota, o Itamaraty assinala "inteira convergência de valores" entre os dois governos, destaca uma "elevação sem precedentes do relacionamento Brasil-Paraguai" e exalta o acordo de Itaipu. Essa "relação sem precedentes" com o Brasil é o ponto crucial para o impeachment: segundo executivos da empresa de energia do Paraguai, o novo tratado de Itaipu foi modificado para beneficiar empresa ligada à família Bolsonaro.
"O Brasil espera que essa cooperação com o Presidente Mario Abdo possa prosseguir, o que permitirá a plena implementação das iniciativas em curso e a consecução de novos avanços, inclusive no que tange à implementação, em benefício mútuo, dos compromissos dos dois países ao amparo do Tratado de Itaipu", diz trecho da nota.
A oposição e um racha do partido do presidente, o Colorado, afirmaram que vão apresentar pedido de impeachment por "traição à pátria". Segundo a imprensa paraguaia, itens do texto foram excluídos como o objetivo de beneficiar empresa ligada ao clã Bolsonaro. O escândalo já derrubou o ministro das Relações Exteriores, Luis Alberto Castiglioni, e outras três autoridades do país.
Cláusula democrática
A nota do Itamaraty ainda faz menção à cláusula democrática do Mercosul, que já foi usada contra o país vizinho após a derruba abrupta de Fernando Lugo, em 2012. Na época, organismos internacionais condenaram o atropelo do processo, que aconteceu em apenas dois dias. Agora, a situação é diferente, mas o governo Bolsonaro já apresenta suas armas em favor de um dos principais aliados na região.
Confira a nota na íntegra:
Situação no Paraguai
O Brasil acompanha com grande atenção os acontecimentos no Paraguai que envolvem o processo de "juízo político" contra o Presidente Mario Abdo Benítez.
Ao reiterar total respeito ao processo constitucional do Paraguai, o Brasil confia em que o processo seja conduzido sem quebra da ordem democrática, em respeito aos compromissos assumidos pelo Paraguai no âmbito da cláusula democrática do Mercosul - Protocolo de Ushuaia.
O Governo brasileiro assinala o excelente nível do relacionamento Brasil-Paraguai atingido entre os Governos dos Presidentes Mario Abdo e Jair Bolsonaro, com iniciativas de grande impacto positivo para o Paraguai nas áreas econômica, de integração física e de segurança pública. Assinala igualmente a inteira convergência de valores que se verifica hoje entre os dois Governos no que concerne à promoção da democracia na região e à proteção dos direitos da família. Essa elevação sem precedentes do relacionamento Brasil-Paraguai se deve, mais do que a qualquer outro fator, à excelente relação pessoal entre os Presidentes Mario Abdo e Jair Bolsonaro, à coincidência de visões estratégicas e à determinação de ambos de agir em conjunto em benefício de seus povos.
O Brasil espera que essa cooperação com o Presidente Mario Abdo possa prosseguir, o que permitirá a plena implementação das iniciativas em curso e a consecução de novos avanços, inclusive no que tange à implementação, em benefício mútuo, dos compromissos dos dois países ao amparo do Tratado de Itaipu.
O desenvolvimento do Paraguai e sua participação ativa como valioso membro do Mercosul e da comunidade hemisférica é de enorme interesse para o Brasil, e o Governo brasileiro está convencido de que o Presidente Mario Abdo reúne todas as condições para continuar conduzindo esse projeto.