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Milhares de pessoas se reuniram no centro de Monróvia, capital da Libéria, na tarde desta sexta-feira (7/6), para protestar contra o que consideram um fracasso no combate à corrupção, e também pela má gestão econômica do atual governo do país, que é liderado por ninguém menos que o ex-futebolista George Weah.
A polícia também atuou, de forma repressiva, contra as cerca de 5 mil pessoas que se manifestavam debaixo de chuva, em um dos maiores protestos que a cidade viu nos últimos tempos, segundo testemunhas ouvidas pela reportagem do diário britânico The Guardian.
Um dos fatores que despertou a reação popular foi a decisão de Weah de bloquear as redes sociais e serviços de mensagens em todo o país, como reação às críticas que vinha recebendo nessas plataformas. Na quinta-feira (6/6), o presidente justificou a medida dizendo que "quem acha que pode insultar este presidente e andar livremente pelas ruas está enganado. Eu os desafio".
Os líderes do protesto são membros de um movimento chamado Conselho dos Patriotas (ultranacionalista), e apresentaram uma longa lista de exigências a respeito de como devem ser as políticas econômicas e de combate à corrupção, além do aumento da violência doméstica e dos estupros. Também houve críticas à decisão de Weah de retirar do país a missão de paz da ONU, em março de 2018.
Em entrevista ao The Guardian, o analista político Ibrahim al-Bakri Nyei afirma que "os jovens, a maioria deles eleitores de primeira viagem, acreditaram muito em Weah, e fizeram campanha apaixonada por ele. Agora, é a hora de ele responder a essa confiança e cumprir suas promessas, principalmente com a oferta de educação e saúde de qualidade, algo que até agora as pessoas não sentem que está acontecendo”. Mesmo assim, Nyei assegura que os protestos não foram espontâneos, mas sim organizados por grupos ligados aos partidos da oposição.
George Weah é um herói do futebol na Libéria. Ganhador da Bola de Ouro em 1995 (sendo o primeiro africano a receber o prêmio), o craque passou por clubes como Milan, Chelsea, Manchester City, PSG, Mônaco e Olympique de Marselha. Se lançou na política pela frente ultraconservadora Coalizão Democrática, pela qual venceu às eleições, em dezembro de 2017. Assumiu o poder no lugar de Ellen Johnson Sirleaf, uma economista liberal (considerada de centro direita em seu país), que ganhou o Prêmio Nobel da Paz e também chegou ao poder em meio a altas expectativas, mas que terminou seu terceiro mandato sob críticas e acusada de nepotismo.
Desde que Weah se tornou presidente, a Libéria viu a inflação subir e o crescimento cair, levando o mandatário a fazer um acordo com o FMI de 25 milhões de dólares, o que aliviou os efeitos da crise, mas não os reverteu. Na semana passada, ele disse que 8 milhões daquele empréstimo não foram usados, que abriria uma investigação a respeito, mas a medida não agradou a opinião pública, que suspeita do desvio desses recursos.
Com informações do The Guardian.