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A novidade desta semana na política argentina é uma notícia que já se esperava, mas que só nesta terça-feira (18) se tornou oficial: Sergio Massa, líder da Frente Renovadora, anunciou que será aliado da candidatura liderada pelo candidato presidencial Alberto Fernández, e que terá Cristina Kirchner como vice, “reunindo os diferentes setores do peronismo numa coalizão histórica, que entendeu a necessidade de resgatar a Argentina da crise que ela vive hoje”, como descreveu o próprio Massa.
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A aliança de Massa com o kirchnerismo era algo que já se especulava. Na última sexta-feira (14), ele se reuniu com Alberto Férnandez em um café de Buenos Aires, mas somente nesta terça, em uma palestra, ele assumiu que fará parte dessa coalizão do “peronismo ampliado”, encabeçando a lista de candidatos a deputado. Isso significa que, se for eleito e se a dupla Alberto Fernández / Cristina Kirchner vencer as presidenciais, Massa será o Presidente da Câmara dos deputados, e o terceiro na linha de sucessão.
Ex-kirchnerista, Massa foi candidato presidencial em 2015, quando ficou em terceiro lugar, com 21,4%. Desde então, tentou se manter na cena política como uma espécie de líder da terceira via, algo parecido com o que procura fazer Ciro Gomes desde outubro do ano passado, sempre tentando se diferenciar da esquerda e da direita mais duras.
Começou este 2019 apostando em uma nova candidatura presidencial, e com o slogan de “o fim da polarização” (entre macrismo e kirchnerismo). Contudo, a estratégia de Cristina, de sair como candidata a vice em uma chapa com um presidenciável mais ao centro (Fernández), ofuscou sua proposta, e ele foi perdendo espaço nas pesquisas: em abril sua candidatura flutuava entre 12% e 15%, mas nas duas últimas semanas ele apareceu sempre abaixo dos 10%.
Outra curiosidade é que Sergio Massa e Alberto Fernández tiveram o mesmo tipo de rompimento com Cristina Kirchner no passado. Em 2008, Massa surgiu no cenário político nacional ao ser nomeado por Cristina como Chefe do Gabinete de Ministro (algo parecido à Casa Civil no Brasil), cargo no qual ele substituiu justamente Alberto Fernández, que foi o ministro de confiança de Néstor Kirchner durante todo o seu mandato, mas que ficou apenas sete meses no governo de Cristina, até ser demitido. Massa tampouco duraria muito: em julho de 2009, após 11 meses, seus conflitos com a então presidenta também o levaram a deixar o governo.
Precisou passar uma década inteira para que as diferenças ficassem no passado, e os três pudessem liderar uma frente única do peronismo, em uma campanha presidencial na Argentina.