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Por Ernesto J. Navarro* / Tradução de Vinicius Sartorato**
Representantes do governo da Venezuela e setores da oposição retomaram nesta segunda-feira (27) em Oslo, na Noruega, a mesa de negociação que busca caminhos para uma solução pacífica para a crise no país, segundo agências de notícias internacionais.
Autoridades de Cuba e da Rússia, também nesta segunda-feira, ofereceram declarações em que expressam seu apoio à busca de soluções pacíficas para essa nação.
“Cuba apoiará qualquer iniciativa destinada a promover um diálogo respeitoso baseado na igualdade soberana, com estrita adesão aos princípios do direito internacional", disse Bruno Rodríguez, ministro das Relações Exteriores de Cuba.
O governo da Rússia, por sua vez, fez um apelo à comunidade internacional para "apoiar o processo político" que é reiniciado em Oslo, sem impor demandas de ultimato ao governo venezuelano.
Surpresas de oposição
Em 15 de maio, o portal espanhol Al Navío revelou uma primeira reunião entre o governo e a oposição venezuelana, que havia sido aprovada em segredo.
De acordo com a informação, que rapidamente se tornou viral, o presidente Nicolás Maduro teria nomeado o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, e o governador de Miranda, Héctico Rodríguez, para representá-lo; enquanto a oposição indicou para sua representação Fernando Martin Mottola, ex-ministro do falecido presidente Carlos Andres Perez, Gerardo Blyde (Primeiro Justiça) e Stalin González (Um novo tempo).
Os partidários da oposição receberam esta notícia com surpresa, pois poucos dias antes, em 30 de maio, o deputado Juan Guaidó havia participado de uma tentativa de golpe de estado, pedindo a insurreição das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) para que ignorasse o governo constitucional do país.
Como tem acontecido em outras ocasiões, a oposição nega que esteja conversando ou negociando com o chavismo, embora as imagens posteriormente tenham provado o contrário.
No domingo (26), Guaidó, reconheceu que eles negociarão com o governo, mas que continuarão "combinando todas as estratégias, todas as ferramentas".
Sobre essas outras "estratégias", a porta-voz da chancelaria do gigante euro-asiático acusou "setores ultraconservadores que se opõem ao presidente Nicolás Maduro" de iniciar negociações com o Comando Sul do Exército dos EUA.
E ela disse mais. Estas reuniões "vão além do senso comum" e são realizadas para derrubar o governo legítimo da Venezuela, segundo o portal Venezuela É Notícia.
Mais uma vez
Não é a primeira vez que o governo de Nicolás Maduro e a oposição se sentam para conversar ou negociar.
Porta-vozes oficiais asseguraram que, desde o início de seu primeiro governo em 2013 e até hoje, Maduro expressou publicamente seu desejo de dialogar com a oposição pelo menos 400 vezes.
Precisamente, ambos os setores se mostraram em uma mesa de diálogo sobre três oportunidades, sem que houvesse soluções para o conflito político.
O setor mais violento da oposição, ao qual pertencem Juan Guaidó e Leopoldo López, embora tenham se recusado a participar das últimas eleições presidenciais, chamam Maduro de "usurpador" e pedem novas eleições. Por seu turno, o governo constitucional já manifestou que a presidência de Nicolás Maduro não está em discussão.
Uma fonte diplomática venezuelana afirmou para esta nota que a Noruega tem o apoio de ter patrocinado "diálogos muito importantes, alguns muito conflitantes, mas que tiveram resultados positivos".
No entanto, ele disse que tinha uma reserva pessoal. "Eu confio nesse cenário (Noruega), que oferece parâmetros internacionais bem definidos, agora sabemos quem é aquele setor da oposição venezuelana negociando, embora se a oposição fizer um clamor internacional em Oslo, eles estariam entrando nas grandes ligas da bufonaria política ".
A fonte diplomática acredita que a Venezuela deve apresentar de maneira "bem documentada" todo o dano que causa ao país o bloqueio solicitado pela oposição.
"Conversamos sobre o roubo da empresa CITGO, que distribui combustível da Venezuela nos EUA, o roubo de ouro venezuelano nos bancos da Inglaterra e os casos de saúde pública que não podem ser resolvidos porque os remédios não são trazidos para o país. A oposição, nesse cenário internacional, poderia repetir o que fez nos diálogos da República Dominicana, onde tudo estava pronto para assinar um acordo e na última hora eles não assinaram o que haviam concordado ", disse a fonte diplomática venezuelana.
Um relatório da agência AP lembra que a Noruega exibe "uma longa e bem-sucedida história de mediação estrangeira". E enumera os casos como "negociações de paz entre israelenses e palestinos em setembro de 1993"; aqueles de "rebeldes maoístas e o governo, nas Filipinas, em 2011"; a negociação de um "cessar-fogo em 2002 entre o governo do Sri Lanka e Tamil"; e mais recentemente mediada entre o governo colombiano de Juan Manuel Santos" e as FARC. "
*Ernesto J. Navarro (@ernestojnavarro) é um jornalista venezuelano residente em Caracas. Ganhador do Prêmio Nacional de Jornalismo "Simón Bolívar" 2015
**Vinicius Sartorato (@vinisartorato) é jornalista e sociólogo. Mestre em Políticas de Trabalho e Globalização pela Universidade de Kassel (Alemanha)