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Por Victor Farinelli, de Valparaíso, no Chile
Neste fim de semana, os europeus foram às ruas para eleger o novo Parlamento da União Europeia, com mandato pelos próximos 5 anos. Apesar de perder boa parte de algumas das vagas que possuía (41 no total), o Partido Popular Europeu (PPE, de centro-direita) conseguiu revalidar sua hegemonia na Euro Câmara, com suas 178 vagas no total.
O resultado, portanto, mantém uma maioria em favor dos europeístas contra os grupos eurocéticos, o que era um dos principais temores, por se tratar da primeira eleição continental após o referendo do brexit no Reino Unido e uma série de vitórias de partidos de extrema-direita nacionalista em diversos países (como Itália, Hungria, Polônia e outros), com um claro discurso de questionamento a certos aspectos da União Europeia (os chamados “eurocéticos”), a começar pelas leis migratórias.
Tanto é assim que, apesar da manutenção da maioria no Parlamento Europeu, os pró-europeus, de direita e de esquerda, assistiram a um crescimento justamente desses setores ultranacionalistas, que obtiveram 169 das 751 vagas disponíveis – que se dividem em ao menos três blocos diferentes, e não configuram (ainda) um bloco organizado, pois se assim o fossem, teriam a segunda força no Parlamento, superando o Partido Social Democrata Europeu (centro-esquerda), que ficou com 152 vagas, e obteve queda semelhante à do PPE em sua representação.
O principal exemplo desse crescimento foi a França, onde a Frente Nacional de Marine Le Pen conquistou 23% dos votos. Em nível europeu, o partido de Le Pen está aliado ao grupo de Matteo Salvini, que obteve 34% na Itália, o que, junto com as vagas conquistadas em outros países, poderia reunir um total de até 50 cadeiras.
Outros setores que ganharam espaço foram os liberais, com 108 vagas, e os ecologistas, 67 vagas – com destaque para o desempenho na Alemanha, onde tiveram a segunda maior votação, com 20,5%, superando os socialdemocratas. O resultado favorável dos partidos ecologistas, especialmente nos países mais ocidentais da Europa, é lido por especialistas como uma mostra de que os efeitos da crise climática do planeta podem começar a gerar efeitos político-eleitorais, ao menos nesse continente.
Resultado para as esquerdas
Segundo muitos analistas, estes resultados confirmam o fim do bipartidarismo no cenário político da União Europeia, que até então era protagonizado pelo PPE e os socialdemocratas.
Nesse contexto, os melhores resultados para as forças de esquerda foram obtidos na Holanda (31% dos votos a favor do Partido Trabalhista), em Portugal (34% a favor do Partido Socialista) e na Espanha, onde o Partido Socialista Operário (PSOE) confirmou a força mostrada com a reeleição de Pedro Sánchez como presidente do país, em abril, e obteve quase 32,8% dos votos.
Apesar de estar em processo de saída da União Europeia, o Reino Unido também viveu uma jornada eleitoral, na qual o vencedor foi justamente o Partido do Brexit, liderado pelo ultradireitista Nigel Farage, com 31% - seguido pelo Partido Liberal Democrata, com 18.5%. O Partido Conservador, da recentemente renunciada primeira-ministra Theresa May, ficou em quinto lugar, com apenas 9,1%, enquanto o Partido Trabalhista, de Jeremy Corbyn (a mais destacada entre as forças progressistas do país) ficou em terceiro lugar, com 14% .
Com informações do RT, La Jornada e Público