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Por Evilazio Gonzaga
Entre os dias 12 e 22 de março, aviões de ataque e helicópteros da Marinha do Brasil apoiaram tropas do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) na Operação Celeiro IV, em Cáceres-MT. As manobras de grande porte, simularam uma operação de infiltração. Onde? Em uma costa marítima, local onde os fuzileiros navais são preparados para atuar?
Não! A operação de treinamento foi em uma área ribeirinha. Apesar de existirem pequenas unidades de fuzileiros em alguns rios de fronteira, a missão dessa tropa, nesses locais, é a proteção das instalações fluviais da Marinha. Não é comum a realização desse tipo de treinamento.
Como não se prevê nenhum tipo de problema, com relação aos países, onde as fronteiras brasileiras são demarcadas por grandes rios ou o Pantanal – Argentina, Paraguai e Bolívia -, o treinamento provavelmente mira a Venezuela.
Não há nenhum grande rio separando o Brasil da Venezuela, mas existem vários que nascem aqui e penetram no país vizinho e, segundo o comunicado da Marinha, o treinamento visa operações de infiltração e resgate de tropas, assim como atuação em casos de evacuação aero médicas.
As manobras da principal corporação de elite do Brasil ocorrem logo após a FAB ter realizado um treinamento, que foi inédito pelo seu porte.
Coincidência?
Forças Armadas reclamam falta de dinheiro e se preparam para a guerra
Os sites especializados na cobertura de atividades militares no Brasil estão anunciando uma série de manobras dos diferentes ramos das Forças Armadas, que surpreendem pela sua magnitude e o perfil incomum dessas operações. Um dos motivos que causam estranhamento deve se ao fato de que treinamentos, com o esses são muito caros e os militares brasileiros, sempre se deparando com a falta de recursos orçamentários, preferem operações de adestramento menores, com o emprego limitado de recursos. As exceções são manobras internacionais, como o Cruzeiro do Sul Exercise (Cruzex), um treinamento para o qual a Força Aérea Brasileira (FAB) convida aeronáuticas de países amigos, para a realização de jogos de guerra, que tentam reproduzir o atual cenário dos conflitos cibernéticos.
A Marinha também costuma realizar manobras com outros países, como a tradicional UNITAS. Outro tipo de treinamento comum é aproveitar a passagem de porta-aviões estadunidenses próximo às costas brasileiras, para treinar operações aeronavais de pouso e decolagem dos aviões de ataque AF-1 (McDonnell Douglas A-4 Skyhawk), que ficaram sem uma embarcação deste tipo, desde que o navio aeródromo São Paulo, comprado à França foi prematuramente desativado.
Porém, mesmo nos jogos de guerra multinacionais, a participação das Forças Armadas Brasileiras tem sido modesta, pois os orçamentos começaram a minguar, desde que a presidente Dilma Rousseff sofreu o golpe em 2016.
No último Cruzex, realizada em 2018, que teve a presença de 14 países, a participação do Brasil aumentou. Porém a maior parte dos aparelhos brasileiros eram do modelo A-29 Supertucano, um avião turboélice, com custos de operação bastante econômicos, em comparação com jatos de combate.
Uma curiosidade do Cruzex 2018 foi que nas primeiras edições do treinamento o principal participante era o Exército do Ar, francês, um dos idealizadores do evento. No ano passado, a França teve uma participação meramente simbólica, enviando ao Brasil um avião cargueiro e uma pequena tropa aerotransportada. O papel do país europeu foi substituído pelos Estados Unidos, que na primeira vez nem mesmo se dignou a aparecer. Há quem veja nessas mudanças uma alteração dos ventos da geopolítica mundial.
É importante, ainda, observar que o Cruzex foi criado em 2002, para ser um evento bianual, sendo realizada regularmente até 2012. A partir de então, foi organizado mais um treinamento, em 2013, quando foi interrompida, vindo a ser realizada novamente somente em 2018.
O Cruzex 2018, o maior de todos já realizados, foi iniciado no dia 18 de outubro, em um momento quando os fatos já apontavam para uma decidida opção dos comandantes das forças armadas brasileiras pela candidatura Jair Bolsonaro. Fortes indícios também sugerem que o processo eleitoral foi poluído por mecanismos suspeitos, operados por empresários brasileiros, que receberam a tutela a o know-how de serviços de inteligência estadunidenses. Não será surpresa se historiadores do futuro descobrirem que o golpe de 2016 contou com a participação do governo estadunidense, da mesma forma que ocorreu em 1964 – como já fartamente documentado por provas materiais.
Desta forma não há como ver sem suspeitas a quantidade inusual de manobras militares, que ocorrem pelos país, com um perfil que aponta para a participação de uma intervenção na Venezuela.
Não só pela quantidade de unidades envolvidas na operação de Viamão, RS, onde a FAB perdeu um aparelho de ataque A-1BM, como também pelo aspecto das missões cumpridas – combate BVR e, principalmente, SAR (resgate e salvamento em área de combate) – é bastante provável que a aeronáutica brasileira se prepare para missões contra a poderosa defesa aérea bolivariana.
Fuzileiros também realizam um treinamento atípico
O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) da Marinha do Brasil é a mais bem preparada tropa das forças armadas. Seus 18 mil integrantes são submetidos a um treinamento rigoroso e permanente. Provavelmente é a única tropa do Brasil que realiza manobras de adestramento todos os anos. Desta forma, mais um treinamento não chama a atenção em si.
Entretanto, o tipo de treinamento, fora dos padrões usuais, dessa tropa de elite merece ser observado cuidadosamente. No caso de uma intervenção na Venezuela, as duas forças mais prováveis a serem jogadas à batalha são os Batalhões de Infantaria de Selva (BIS) e o CFN.
Desde o início do ano, o componente aéreo da Marinha, composto por aparelhos AF-1, vem treinando para operações em fronteiras secas e não em operações de desembarque em costas marinhas, como é a tradição da força.
As operações aéreas, que incluem helicópteros, são parte de manobras que têm o objetivo de preparar os fuzileiros navais para operações de infiltração e resgate de tropas em áreas ribeirinhas, além de proteção a casos de evacuação aero médicas. Como se vê, os fuzileiros navais e a Marinha do Brasil se preparam para atuar multo longe do mar.
O CFN mantém grupamentos nas fronteiras ribeirinhas do Brasil, onde correm grandes rios ou no Pantanal. Não é o caso da Venezuela, pois nenhum grande rio separa os dois países. Há rios que saem do Brasil e entram na Venezuela, mas nenhum deles marca as fronteiras. Portanto, não há fronteiras ribeirinhas a serem defendidas e não parece que há possibilidade de uma guerra a curto, médio ou longo prazo contra o Paraguai, a Bolívia ou a Argentina.
Pressão dos EUA pela guerra aumenta
Enquanto as estranhas manobras militares acontecem com uma frequência inédita no Brasil, os Estados Unidos elevam o tom de suas ameaças e procuram constranger até mesmo seus “aliados” europeus, que o governo Trump trata como vassalos.
O acusado de crimes contra a humanidade, Elliott Abrams, nomeado como representante especial dos EUA para a Venezuela, percorre a Europa, para pressionar os governos europeus a dar maior cooperação nos esforços contra o presidente Nicolás Maduro.
A prioridade do criminoso de guerra Abrams, responsável por milhares de mortos na América Central, nos anos 1980, são os países ibéricos, Espanha e Portugal, que se revelam recalcitrantes em apoiar a aventura imoral dos Estados Unidos.
Em entrevista ao jornal Observador, Abrams disse que deve haver um "maior sentido de urgência" para lidar com a questão da Venezuela em países como Portugal e Espanha.
"O objetivo é discutir como nós, os EUA, Espanha e Portugal, vemos a situação na Venezuela, o que podemos fazer para sermos mais eficazes nos esforços para o regresso da democracia no país”, disse o funcionário estadunidense que estava na sua tumba, desde que seus crimes foram descobertos nos anos 1980, e foi ressuscitado por Trump.
Sobre a "opção militar" que o presidente dos EUA, Donald Trump, já disse estar na mesa contra a Venezuela, Abrams ressaltou que essa hipótese "é verdade".
"Ninguém quer uma solução militar aqui. Presumo que ninguém o queira, dentro e fora da Venezuela. Mas essa opção existe. Não me parece que qualquer um de nós saiba ao certo qual será a situação da Venezuela, na região e nas suas fronteiras, daqui a três meses. Não conseguimos prever o futuro", disse Abrams ao jornal Observador.
Falando sobre a presença militar russa na Venezuela, Abrams também afirmou: "Os russos têm por volta de 100 homens no terreno. Diria que, se a situação chegasse [a um conflito armado], é melhor que saiam do caminho."
Enquanto isso, o Vice dos EUA, aproveita a visita do general Mourão, e pressiona o brasileiro, para que ele convença Rússia e China a deixarem de apoiar Maduro.
Ambiguidade de Bolsonaro
Comentando a possível participação em uma invasão militar na Venezuela, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro declarou que, caso ocorra, irá consultar o Congresso, mas tomará a decisão pessoalmente.
"Vamos supor que haja uma invasão militar lá [Venezuela], a decisão vai ser minha, mas eu vou ouvir o Conselho de Defesa Nacional, e depois o Parlamento brasileiro, para tomar a decisão de fato na questão disso aí. A Venezuela não pode continuar como está”, disse o capitão expelido do exército, em uma entrevista à emissora oficial Jovem Pan.
Ou seja, o presidente mais confuso da história do Brasil revela ambiguidade, se comportando da mesma maneira que se apresentou logo após a reunião com Trump, quando disse que havia um plano para a Venezuela, mas ele “não poderia dizer, ou não seria uma estratégia”.
Estratégia secreta é um elemento da guerra.
Bolsonaro foi mais além e revelou que um possível conflito na Venezuela provavelmente envolveria uma guerra de guerrilha e que essa situação pode prolongar o conflito.
Observando os jogos de guerra realizados pelo CFN, a preparação dos fuzileiros e da aviação da marinha é exatamente para este cenário.
Os russos estão muito preocupados
Segundo o especialista em relações internacionais e ex-diplomata Nikolai Platoshkin, se Brasília se evolver em uma invasão militar na Venezuela, isso poderia causar uma crise interna no Brasil. "Qualquer aventura militar de Bolsonaro contra a Venezuela levaria a uma crise política interna […] Milhões de pessoas iriam para as ruas e, como eu acredito, perturbariam essa intervenção", explicou Platoshkin ao serviço russo da Rádio Sputnik.
O primeiro vice-presidente do comitê para Assuntos Internacionais do Conselho da Federação Russa, Vladimir Dzhabarov, também opina que a declaração de Bolsonaro não passa de meras palavras, porque qualquer intervenção militar poderia levar a uma guerra civil de grande escala.
O senador russo sublinhou que chegou a hora de discutir o problema da intervenção militar externa no âmbito do Conselho de Segurança da ONU.
Quanto à postura da Rússia, Dzhabarov sublinha que quaisquer conflitos devem ser resolvidos à mesa das negociações, enquanto o uso da força poderia levar a consequências imprevisíveis.
A guerra de Trump
Todos os presidentes estadunidenses tiveram uma guerra para chamar de sua. Sem entrar nos motivos que levam a isso, que vão desde razões econômicas, políticas e, até psicológicas; até mesmo o pacifista Carter ordenou uma frustrada invasão ao Irã, em uma tentativa de resgatar os estadunidenses presos na embaixada do país em Teerã.
Talvez a melhor explicação para este fenômeno seja o discurso histórico do presidente Eisenhower, um ex-general, herói da 2ª Guerra, no qual ele denunciou o crescente poder do complexo industrial militar.
Trump herdou algumas guerras, que pelo atoleiro em que se tornaram, mereciam um amplo e crescente repúdio da sociedade estadunidense – Síria, Iraque, Afeganistão, Líbia. O presidente do Twitter procurou afastar a sua imagem desses sorvedouros impopulares.
Mas, para manter a tradição, Trump procurou a sua guerra. Ele não encontrou na lista de prováveis alvos molezas, como foi o caso de Reagan, que invadiu a pequenina ilha de Granada e o Panamá – que praticamente já era uma base dos EUA.
O performático presidente estadunidense teve que se decidir entre a Coréia do Norte, o irã e a Venezuela.
A Coréia do Norte é um vespeiro, capaz de ferir muito forte; o Irã é uma carapaça difícil de penetrar e mantém longas fronteiras com a Rússia. Seria alvos impossíveis.
Sobrou a Venezuela, para Trump ter uma guerra para chamar de sua, tendo ainda o atrativo das maiores reservas de petróleo do mundo. Nos cálculos da cada vez mais insana elite inculta que tomou o poder nos Estados Unidos, a Venezuela é um alvo mais fácil, em comparação com a Coréia do Norte e o Irã, e pode trazer mais lucros.
O bolsonarismo vive uma ficção para adolescentes
Bolsonaro, seus filhos e seu entorno, que parecem ter a sua visão do mundo construída a partir de histórias em quadrinho e obras para adolescentes de Hollywood, evidenciam que acreditam fazem parte daquele mundo idiotizado e maniqueísta do entretenimento estadunidense. Eles acreditam que estão aliados aos super-heróis em uma luta contra supervilões. Por isso, acreditam que a CIA e o Mossad, as duas maiores organizações terroristas do planeta, representam os super-heróis idealizados por suas mentalidades infantis.
A visita de Bolsonaro aos Estados Unidos e as viagens de seu filho 03 ao país refletem a indigência mental dos bolsonaristas. Ciro Gomes está certo ao dizer que o 03 quase avançou na braguilha de Trump e a visita dos dois, acompanhados de Sérgio Moro à CIA, parecia uma viagem de crianças pequenas à Disneylândia.
Caso fosse apenas o círculo mais íntimo dos bolsonaristas-olavistas-moristas que demonstrasse essa mentalidade infantil, o Brasil poderia ter esperança. Porém, infelizmente, ao que parece, o mundo paralelo criado pelo entretenimento estadunidense contaminou a ala militar e a deficiência mental foi levada ao parlamento por deputados e senadores, como a indigente mental e rainha das falcatruas Joice Hasselmann e os diversos parlamentares, que atendem com um posto militar ou um delegado, antes de seus nomes.
Com essa liderança que acredita estar em um filme ou uma história em quadrinhos juvenil, tudo pode acontecer no Brasil, inclusive uma guerra contra a Venezuela.