Bolsonaro participa de jantar com embaixadores de países com maioria islâmica

A transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém deve ser um dos questionamentos dos diplomatas de países islâmicos

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Por Ana Prestes - Em Israel ainda estão sendo apurados os votos das eleições realizadas ontem 9 de abril. Já foram apuradas 97% das urnas e segundo as estimativas Netanyahu (Likud) conseguiria formar governo por uma margem muito pequena de vantagem. Ele e seu rival, o ex-general e comandante do exército Benny Gantz (Branco e Azul), teriam elegido 35 parlamentares cada, do total de 120 cadeiras. No entanto, Netanyahu teria maior apoio entre os partidos que elegeram os demais representantes. Tanto Netanyahu como Gantz cantaram vitória antes do fechamento das apurações. - O chanceler Ernesto Araújo está em Buenos Aires, Argentina. Ontem (9) fez uma palestra com o título “A Nova Política Externa do Brasil” e segue em agenda hoje com a missão de preparar a visita de Bolsonaro ao país ainda neste primeiro semestre de 2019. Entre outras coisas, Araújo disse que é preciso acabar com a “latinoamericanidade” e termos uma “Argentina autêntica ao lado de um Brasil autêntico”. Ainda, alegando que a aprovação da reforma da previdência no Brasil será benéfica para a Argentina, disse que “seria bom que os argentinos ajudassem a pressionar o Congresso brasileiro a aprovar a reforma”. - Antes de embarcar para Buenos Aires, o chanceler Araújo exonerou o presidente da APEX, embaixador Mario Vilalva. O diplomata já vinha sofrendo isolamento por parte de Araújo que tem dois aliados na agência, Márcio Coimbra e Letícia Catelani. Segundo Vilalva, o ministro havia alterado o estatuto da Apex em cartório sem conhecimento da presidência da agência e isso poderia induzi-lo propositalmente a erros. É o segundo presidente da Apex demitido pelo chanceler nesses 100 primeiros dias de governo. Vilalva foi embaixador do Brasil no Chile, Alemanha e Portugal, além de diretor-geral do Departamento de Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores. Pivô das duas crises na Apex, Letícia Catelani é empresária do ramo da exportação, próxima de Eduardo Bolsonaro e recebe na APEX um salário de 43,6 mil. Sua nomeação fere o sentido da moralidade na administração pública por conflito de interesse entre sua atividade empresarial e sua função pública. - Bolsonaro janta hoje com 42 embaixadores de países com maioria islâmica na Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém deve ser um dos questionamentos dos diplomatas de países islâmicos. Números de 2018 indicam que os países islâmicos ficaram na terceira posição entre os maiores compradores de produtos do agronegócio brasileiro, ficando atrás apenas da China e da União Europeia. Está na imprensa que Bolsonaro deve ir ainda este ano à Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e provavelmente o Egito - Sobre a mudança do ministro da Educação no Brasil, o jornal inglês The Guardian deu: “Brasil substitui ministro da educação de extrema direita por teórico da conspiração”. Segundo o jornal, Abraham Weitraub “é um economista e professor universitário que passou a maior parte de sua carreira no setor financeiro e expressou teorias da conspiração de direita, argumentando, entre outras coisas, que o crack foi deliberadamente introduzido no Brasil como parte de uma conspiração comunista”. - Também repercutiu na imprensa internacional nos últimos dias, a passagem de um ano da prisão do ex-presidente Lula; a passagem dos 100 primeiros dias de governo Bolsonaro; o tiroteio promovido por militares no bairro de Guadalupe no Rio em que foram desferidos mais de 80 tiros contra o carro de uma família, matando um homem de 51 anos (os integrantes do carro eram negros, formavam uma família, voltavam de um chá bebê); as declarações de Bolsonaro de que quer explorar a Amazônia junto com os EUA e rever as demarcações indígenas. - Segundo a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, a economia global se encontra em um “momento delicado”. Todas as economias desenvolvidas do mundo tiveram suas previsões de crescimento em 2019 revistas, em especial EUA, zona do Euro, Japão, Reino Unido e Canadá. Para o Brasil a estimativa é de crescer 2,1% em 2019. - A Líbia está vivendo dias de guerra. Representantes internacionais já estão deixando a capital Trípoli e cidadãos líbios estão se deslocando para áreas distantes do conflito que se dá entre o governo reconhecido pela ONU e as forças do general Haftar que domina a parte leste do país. Para piorar um pouco o cenário, há evidencias de presença do Estado Islamico (ISIS) em regiões do centro do país. A ONU havia agendado há mais de um ano uma conferência de paz no país para os dias 14 a 16 de abril. Ainda não se sabe se será mantida. - Os EUA anunciaram no começo desta semana (8) que a Guarda Revolucionária do Irã passa a ser considerada grupo terrorista pelo país. A Guarda é parte do governo iraniano e esta é a primeira vez que um órgão governamental entra na lista de entidades terroristas. Segundo Trump, a guarda “participa ativamente, financia e promove o terrorismo como uma ferramenta de força estatal”. Em resposta aos EUA, o governo iraniano declarou o Comando Central dos EUA e as forças militares americanas no oeste da Ásia de organizações terroristas e classificou o país de um Estado que financia o terrorismo. A Guarda Revolucionária do Irã existe desde 1979 como parte dos resultados da Revolução Islâmica e funcionou inicialmente como um contrapeso aos militares então fieis ao regime derrubado. Hoje funciona como guarda de proteção do governo. Ela ainda é vista no Irã como uma “protetora da revolução”. - Theresa May fez mais uma peregrinação à Paris e Berlim nesta terça (9) em busca de apoio dos líderes das maiores potências do bloco europeu. Ela quer o adiamento do “dia D” do Brexit para 30 de junho, poucos dias antes do começo da nova legislatura do Parlamento Europeu. Merkel anda mais amigável do que Macron para os pedidos de May. - A China se pronunciou sobre a renúncia do Brasil ao seu status de “país em desenvolvimento” no âmbito da OMC. O ministério chinês para o comércio teria dito que nada muda para os demais países em desenvolvimento na OMC “mesmo que o Brasil tenha concordado em renunciar ao status”. Em carta assinada com Índia, África do Sul e Venezuela, o governo chinês chama o status diferenciado de “direito fundamental” e que não cederá às propostas de reforma da OMC apresentadas pelos EUA. - O venezuelano “autoproclamado presidente” Guaidó conseguiu um cargo para um de seus funcionários na OEA. Gustavo Tarre ganhou um assento no Conselho Permanente da OEA representando a Assembleia Nacional venezuelana. Este posto na verdade deveria ser ocupado por membro do governo estabelecido da Venezuela. - Os últimos eventos no Sudão, Argélia e Líbia, fazem com que no mundo árabe se pergunte: estaremos às portas de uma nova “primavera árabe”? - Uma nova ponte liga a China e a Coreia do Norte. Foi inaugurada no dia 8 e liga as cidades chinesa de Ji’an e a norte coreana de Nampo, atravessando o rio Yalu. Antes a única ponte ligando os dois países era ferroviária e só possibilitava a entrada de chineses na Coreia do Norte.