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Por Pedro Moreira, de Jerusalém, especial para a Fórum
O porta-voz da Presidência da República, General Otávio Rêgo Barros (Foto), afirmou, neste domingo (31) que o escritório anunciado pelo governo brasileiro, a ser aberto em Jerusalém não terá status diplomático.
A afirmação foi dada quando perguntado diretamente se o escritório anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro no pronunciamento feito em conjunto com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, seria uma representação diplomática brasileira.
“Não tem status diplomático. É um escritório que vai tratar das questões de comércio, ciência e tecnologia, como foram apresentados a vocês por meio da própria declaração (do Presidente)”. As atividades do futuro empreendimento também não vão ficar a cargo do Itamaraty. “O escritório será conduzido por pessoas não ligadas à carreira diplomática”, disse o porta-voz.
Perguntado se seria uma transferência a partir da estrutura existente na embaixada em Tel Aviv, o porta-voz disse que “será criado um escritório aqui”.
Sobre a necessidade de mais essa estrutura, já que a embaixada de Tel Aviv fica a cerca de 65 km de Jerusalém, uma distância que pode ser percorrida em cerca de uma hora de carro, Rêgo Barros disse, sem esclarecer o por quê, que “é importante que também aspectos relativos a esses temas que foram citados, sejam desenvolvidos aqui na cidade de Jerusalém”.
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Ele também negou que a medida signifique o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel. Embora admita que a ideia ainda não foi descartada pelo governo de Bolsonaro. Assim como a mudança da embaixada brasileira do atual endereço em Tel Aviv, para a chamada cidade sagrada.
“Não. Não há nesse aspecto, o reconhecimento de Jerusalém como capital. O nosso presidente continua avaliando essa possibilidade. Mas neste momento, não foi isso que nós decidimos”.
Rêgo Barros foi perguntado se o governo Israelense participou da escolha pela abertura do escritório e foi taxativo, afirmando que a decisão foi unilateral.
Questionado sobre a mudança de planos do governo, já que a mudança da embaixada foi confirmada em mais de uma ocasião pelo Presidente e por alguns dos filhos dele. Primeiro, foi evasivo. Disse que o presidente “faz as ações mediante análises por parte de seu ministério. E assim deve ser com todas as questões que são importantes para o nosso governo.”
Como os questionamentos não cessaram, mudou o tom e disse que não havia motivo. E que toda vez que o “governo vai tomar uma decisão, em qualquer que seja o campo, ele busca uma análise consensual, pragmática, a partir de estudos realizados pelo nosso próprio governo”.
Diante da insistência dos jornalistas, preferiu alegar sigilo da motivação. “Não podemos esboçar as razões porque elas se tratam, naturalmente, de uma análise intramuros do nosso governo. Eventualmente, se necessário for, nós as colocaremos para vocês.”
Já sobre a controversa visita de Bolsonaro ao Muro das Lamentações, programada para esta segunda-feira (1º), em que será acompanhado pelo primeiro-ministro israelense, o General fez parecer que o Presidente ignora as implicações que o gesto pode acarretar.
O presidente não está analisando essa visita sob qualquer aspecto que não apenas o emocional, o religioso. Lá ele depositará, naturalmente, os seus desejos, as suas orações. E assim nós devemos compreender essa ida ao Muro das Lamentações”.
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Ele também foi perguntado sobre a ausência de agenda do lado palestino e disse que “cada coisa a seu tempo. A previsão, dentro do planejamento do nosso presidente, é visitar vários países.”
As autoridades palestinas declararam que não tiveram resposta a uma série de convites feitos para que o Presidente Bolsonaro visitasse Belém, na Cisjordânia e se encontrasse com o presidente da Autoridade Palestina.
O porta-voz afirmou que o ministério das Relações Exteriores vai buscar esse contato “para aclarar algumas dúvidas e colocar se há disposição para estabelecer o link para futuras viagens a esses países e a outros países, como eu já disse inicialmente”.
Rêgo Barros falou aos jornalistas no hotel King David, onde está hospedado o presidente e a maior parte da comitiva que participa da visita oficial de quatro dias a Israel.