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Notas internacionais (por Ana Prestes)
- De forma absolutamente arbitrária, o Departamento de Estado dos Estados Unidos impôs restrições ao embaixador venezuelano na ONU e na OEA, Samuel Moncada. Foram retiradas suas credenciais diplomáticas frente aos dois órgãos. As restrições impostas ao diplomata incluem proibição de mobilidade para mais de 25 milhas além de Nova Iorque, o que o impede de ir fisicamente à sede da OEA em Washington. Em um discurso proferido na última sexta (15), no Conselho Permanente da OEA, Moncada acusou a administração Trump de tentar converter a Venezuela em uma colônia como Porto Rico e de ter roubado 30 milhões de dólares do país. Em declaração, o chanceler venezuelano Jorge Arreaza disse: “le tienen miedo al verbo y a la verdade de Venezuela”. O chanceler disse ainda que os representantes do governo da Venezuela continuarão atuando nos dois órgãos.
- Há dois anos a Venezuela pediu sua retirada formal da OEA, mais o país ainda tem até o dia 27 de abril quando termina oficialmente a participação. Até lá, o governo de Maduro tem o direito de participar da entidade representando a Venezuela.
- Um jornalista norte-americano, Tom Rogan, em artigo intitulado “O poder militar estadunidense se concentra silenciosamente perto da Venezuela”, traz a informação que dois porta-aviões foram posicionados estrategicamente de modo que possam ser deslocados com facilidade para águas caribenhas. São os porta-aviões Theodore Roosevelt e o USS Boxer, levando a bordo a 11ª Unidade Expedicionária da Marinha dos EUA.
- No sábado (16), dois aviões da Força Aérea dos EUA partiram para Cúcuta na Colômbia para “entregar” um segundo lote da “ajuda humanitária”. A cidade é fronteiriça com a Venezuela e está concentrando militares norte-americanos e colombianos que pretendem entrar na Venezuela com o pretexto de “entregar ajuda humanitária”. Junto com os aviões, também chegaram a Cúcuta o Senador dos EUA Marco Rubio (conhecido por suas conspirações contra Cuba e Venezuela), o deputado Mario Díaz-Balart e o embaixador dos EUA na OEA, Carlos Trujillo.
- O auto-intitulado e auto-proclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, trabalha com a data do dia 23 de fevereiro para a efetivação da invasão militar na Venezuela. Em um ato no último sábado (16), em que as pessoas vestiam branco e tinham capacetes brancos com cruzes azuis, Guaidó anunciou que já há 600 mil voluntários mobilizados para a “grande ação” do dia 23 de fevereiro.
- Eurodeputados de partidos da extrema direita, como o espanhol Esteban Gonzáles Pons (PPE), foram impedidos de ingressar na Venezuela neste final de semana. Eles iriam se encontrar com o autoproclamado presidente Juan Guaidó, mas já haviam sido advertidos pelo chanceler Jorge Arreaza que não seria permitida a entrada de uma delegação “que pretendia visitar o país com finalidades conspiratórias”.
- O Haiti ferve em uma forte crise política e bastante violenta. Fazem dezesseis meses que terminou a missão de paz da ONU no país, que o Brasil liderou, inclusive. Não param os protestos exigindo a renúncia de Jovenel Moise. Há mortos e feridos, mas nos jornais não se encontram as cifras. Semana passada a embaixada do Brasil no país emitiu nota aconselhando brasileiros a não viajarem para o país. Ao que estão no país foi orientado estocar alimentos, remédios e água ou “sair do país”. Os protestos começaram principalmente por desvios do fundo PetroCaribe (petróleo venezuelano subsidiado). US$ 2 bilhões podem ter sido desviados.
- Terminou ontem (17) a Conferência de Segurança de Munique. Em um discurso muito aplaudido, durante o evento, Merkel disse: “vemos que a arquitetura que define o mundo como o conhecemos é um quebra-cabeças que se desmontou em pequenos pedaços”. Ela defendeu o multilateralismo e parceria com a Rússia, especialmente no caso do gasoduto NordStream 2, que tem sido muito atacado por Trump. O discurso de Merkel foi sucedido pelo do vice-presidente dos EUA, Mike Pence. Na direção exatamente oposta à de Merkel, Pence em seu discurso citou Rússia, Irã e Venezuela para fazer ameaças e cobranças aos “nossos aliados da OTAN” para endurecer as relações com esses países.
- É cada vez mais provável a hipótese de um Brexit sem acordo no próximo dia 29 de março. Descrevendo um cenário do Brexit duro, o jornalista Walter Oppenheimer diz: “de um dia para outro a economia britânica deixara de fazer parte do mercado único e a união aduaneira europeia será regida pelas normas da OMC. Com isso, as exportações deverão pagar tarifas e submeter-se a controles de fronteira; produtos frescos enfrentarão controles sanitários para entra na UE; montadoras de veículos podem paralisar em questão de dias por falta de componentes; cidadãos do continente perderão direito de circular e trabalhar livremente pelo RU e vice-versa; empresas financeiras britânicas perderão o passaporte que agora lhes permite atuar em todos os países da UE e etc”. Além disso, será estabelecida a tão temida fronteira física entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda. Theresa May continua sua peregrinação pela Europa para tentar cavar um acordo.
- Coletes amarelos realizaram no sábado (16) seu 14º. ato. Dados do Ministério do Interior da França informaram a presença de cerca de 41 mil pessoas nas ruas, sendo 5 mil em Paris.
- Para justificar seu apelo ao recurso de “decretar emergência” para construir um muro na fronteira com o México, Trump usou vários casos de presidentes americanos que utilizaram o mesmo método de declarar emergências nacionais. A Lei de Emergências Nacionais dos EUA foi aprovada em 1976. No entanto, em nenhum dos exemplos citados por Trump, o presidente americano usou o expediente da “emergência” para contornar uma clara decisão do Congresso americano, como no caso atual.
- Netanyahu renunciou a um de seus principais cargos, de Ministro das Relações Exteriores de Israel, no dia de ontem (17). O ministro da inteligência, Israel Katz, também do partido Likud, foi indicado como substituto. Ele estava no cargo desde 2015. Agora, além de premier, Netanyahu se mantém como ministro da Saúde e Defesa (desde novembro, quando renunciou Liberman). Israel vai passar por eleições parlamentares em 9 de abril, adiantadas pois seriam em novembro. O premier luta contra o tempo e contra seu desgaste após inúmeras acusações de corrupção. Ao todo ele dirige o país por 13 anos, de 1996 a 1999 e, atualmente, desde 2009.
- A saída de Netanyahu da chancelaria ocorre nos mesmos dias em que o primeiro ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, cancelou uma viagem programada a Israel, após declarações do premier israelense que sugeriam cumplicidade polaca no Holocausto, durante o regime nazista. Em solo polaco, Netanyahu participava da Conferencia puxada pelos EUA sobre o “oriente médio”, leia-se Irã, quando disse a frase: “digo-vos que os polacos colaboraram com os nazis e não conheço ninguém que tenha sido perseguido por uma tal declaração”. Durante a 2ª guerra, a Polônia foi dividida entre alemães e soviéticos e mais de cinco milhões de poloneses morreram, sendo três milhões de judeus.
- Está convocada para o próximo 26 de março uma grande mobilização camponesa no Paraguai. São reclamados subsídios às dívidas dos pequenos agricultores, acesso à terra, regularização dos assentamentos, reativação produtiva e respeito ao meio ambiente, segundo a Coordenadora Nacional Intersetorial. O governo de Abdo Benítez é acusado de cumplicidade com os violentos ataques sofridos pelas comunidades camponesas e indígenas por parte de agentes do agronegócio nos últimos meses de 2018. No Paraguai, ainda há muita disputada das terras “malhabidas” tomadas da população pela ditadura Stroessner.
- A economia boliviana continua nas manchetes dos principais jornais econômicos do mundo. Alguns dados principais: pobreza extrema foi reduzida de 38,2% em 2005, para 15,2% em 2018, o PIB per-capta aumentou de 1037 dólares para 3390 dólares. Há destaque também para o baixo endividamento do país. Em 2018 a Bolívia cresceu 4,7%.
- Com a chamada: “Autodeterminação não é delito”, cerca de 500 mil foram às ruas no último final de semana na Espanha em defesa da independência da Catalunha.
- O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, está fazendo uma série de mudanças na grade de cursos dos alunos do Instituto Rio Branco, futuros diplomatas do Brasil. Entre elas, está a retirada da matéria de história dos países da América Latina. Segundo o professor de Relações Internacionais, Dawisson Belém Lopes (UFMG), ouvido pela FSP, “o Itamaraty já vinha defasado em relação ao projeto pedagógico. Já havia um déficit substantivo e metodológico. A tendência é que a defasagem se aprofunde”.
- Araújo também foi às redes com um texto para defender o pai. Uma matéria sobre o fato do seu pai, enquanto procurador geral nos anos 70, ter negado a extradição de um nazista que estava no Brasil, circulou pelo mundo. Em resposta, o chanceler fez um texto-tributo ao pai e disse que o mesmo se prontificou a “pegar em armas contra Brizola” e que tentou barrar Lula ainda na época das greves do ABC paulista.
- O Chile trabalha com as chancelarias dos países da América do Sul para a criação de um bloco de integração que substitua a Unasul.