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A assembleia do Sínodo para a Amazônia recomendou neste sábado (26) a ordenação de homens casados para tentar solucionar a escassez de padres na região amazônica. Caso o documento aprovado pelos bispos receba o aval do papa Francisco, o Brasil será o primeiro país do mundo a ter padres casados em séculos de tradição católica.
A maioria dos sacerdotes presentes votou a favor de que a Igreja permita que homens casados se tornem padres: foram 128 votos a 41. Estatisticamente, há na Amazônia um padre por 17 mil católicos batizados.
Segundo as regras do sínodo, cada um dos pontos do documento final, incluídos após os debates das últimas três semanas, precisava ser aprovado por dois terços dos bispos presentes. A regra de ordenar padres casados foi a que mais recebeu votos contrários.
O papa prometeu analisar os pontos e decidir se as medidas serão implementadas pela Igreja até o final do ano.
"Considerando que a legítima diversidade não prejudica a comunhão e a diversidade da Igreja, […] propomos […] ordenar sacerdotes homens idôneos e reconhecidos pela comunidade, que tenham um diaconato permanente fecundo e recebam uma formação adequada para o presbiterato, podendo ter família legitimamente constituída e estável", diz um trecho do relatório final.
O celibato tem sido obrigatório para padres católicos há quase mil anos. A recomendação feita neste sábado prevê que homens casados possam ser ordenados na Amazônia a fim de aumentar a presença em comunidades distantes, mas não que sacerdotes possam se casar.
Mulheres
Francisco afirmou também que reativará a comissão de estudo sobre a possível ordenação de mulheres, criada em 2016. Após dois anos de estudo, o grupo não chegou a uma conclusão sobre qual foi o papel ou se existiram as chamadas diaconisas nos primeiros anos do cristianismo.
"Ainda não nos demos conta do que foi a mulher na Igreja. Temos sempre focado na parte funcional, que elas devem estar nos conselhos, mas isso vai além", disse o papa em seu discurso de encerramento.
O pontífice disse ainda que ouviu a mensagem lançada pelas 35 mulheres que participaram do sínodo neste ano. Elas pediram, em carta enviada a Francisco, que pudessem votar o documento final, igualando-se assim ao status já concedido a alguns representantes de congregações de homens no ano passado, por autorização do papa. Antigamente, só os bispos votavam.