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“Os motivos são pessoais, diria um ‘cansaço de uma longa viagem’. O caráter de renúncia voluntária e a legislação vigente ditam que não me corresponde o benefício do subsídio estabelecido porque vou entrar na aposentadoria", diz a carta enviada esta terça-feira (14) por Jose Mujica à presidente do Senado.
“Enquanto a mente funcionar, não renunciarei à solidariedade e à luta de ideias”, acrescentou Mujica, concluindo com um pedido de sentidas desculpas aos restantes senadores “caso alguma vez, no calor dos debates, possa ter ferido de forma pessoal” algum deles.
Em 6 de agosto, o ex-presidente explicou em entrevista à agência Efe que pensava em deixar seu assento no Parlamento porque queria tirar uma "folga" antes de morrer, dada sua avançada idade. "Vejo que tenho 83 anos e vou me aproximando da morte. Quero tirar uma licença antes de morrer, simplesmente, porque estou velho".
Nascido em 1935, Jose Mujica passou quinze anos nas prisões da ditadura por causa da sua militância no Movimento de Libertação Nacional nos anos 1960. Foi deputado a partir de 1995 e depois senador e ministro da Agricultura a partir de 2005, antes de cumprir o mandato presidencial entre 2010 e 2015.
Leia a íntegra da carta:
"Senhora Presidente do Senado
Lucia Topolansky
De minha parte:
Solicito ao corpo que a senhora presidente aceitar minha renúncia ao cargo de Senador. Os motivos são pessoais, diria 'o cansaço da longa viagem'. O caráter da renúncia voluntária e a legislação vigente sinalizam que não corresponde o benefício do subsídio estabelecido, porque serei acolhido pela aposentadoria.
No entanto, enquanto minha mente funcionar, não posso renunciar à solidariedade e à luta de ideais.
Se alguma vez, no calor dos debates, cheguei a ferir pessoalmente algum colega, peço desculpas sinceras.
Sem mais, cumprimento a senhora, o corpo do Senado e a todos os funcionários, com consideração e estima."