Lula recebe, nesta segunda-feira (3), a visita da Monja Coen Roshi, missionária oficial da tradição Soto Shu. A visita, segundo o site do ex-presidente, está prevista para ocorrer às 16 horas, na superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), onde ele está preso há 115 dias. Às 17 horas, ela vai conversar com a imprensa no local. A coletiva vai ser transmitida ao vivo pelo Facebook na página oficial de Lula e na da Vigília Lula Livre.
Do rock ao monastério
Nascida em São Paulo, em 1947, Cláudia Dias Baptista de Souza, mais conhecida como Monja Coen, é uma mulher de muitas vidas. Quem hoje olha seu semblante tranquilo, de sorriso fácil e cabeça raspada, sequer supõe que ela casou aos 14 anos, foi mãe aos 17, trabalhou como jornalista, conviveu com o roqueiro Alice Cooper, foi presa na Suécia ao vender LSD e tentou o suicídio. Foi no zen, uma das vertentes do zen budismo que ela encontrou a paz e decidiu viver em um monastério.
Jornalista, a monja trabalhou do Jornal da Tarde e, aos 19 anos, teve o questionamento existencial que aflige quase todo ser humano: “O que estou fazendo da minha vida?”. Após uma temporada em Londres para afiar o inglês, a então repórter começou a ter contato com o budismo. Deixou o jornalismo para dar aulas de inglês, se aproximou dos primos Sérgio Dias e Arnaldo Baptista, dos Mutantes, e num show da banda conheceu um americano - que se tornaria seu segundo marido.
Ela foi morar na Flórida e acabou como ajudante dos roqueiros Alice Cooper e David Bowie - “Enrolei muito cabo de som”, recorda ela. Foi na Califórnia que ela deu o primeiro passo para adentrar os mosteiros. Encantada com a filosofia do zen, raspou a cabeça e se converteu. Assumiria o nome de Shin Getsu, ou Monja Cohen. Em 1997, tornou-se a primeira mulher e primeira pessoa de origem não japonesa a assumir a presidência da Federação das Seitas Budistas do Brasil, por um ano.
Coen tornou-se bastante popular principalmente por causa dos seus vídeos na internet. Os vídeos fizeram sucesso e o que estava restrito aos templos, ganhou as ruas. Em São Paulo, Coen mantém o templo Tenzuizenji. Numa rotina que começa às 6 horas da manhã e dificilmente acaba antes da meia-noite, a monja tem companhia dos alunos e de seus cachorros. “O templo é uma escola e um lugar de prática. Temos aulas de meditação para iniciantes, palestras e cursos de introdução ao zen budismo”, explica ela.