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A política exterior do Brasil, tem sido reconhecida no período pós-redemocratização, como uma das áreas mais estáveis e profissionais que compõem a estrutura do Poder Executivo brasileiro.
Com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL), esse quadro está se alterando, em especial por sinais de uma profunda intervenção ideológica presidencial na área.
Neste sentido, por mais que, um dos eixos principais da política econômica do novo governo olhe para privatizações, deveras interessantes para investidores internacionais, as posturas polêmicas do presidente e de seus futuros ministros sobre outros temas, vem trazendo crescente desconfiança sobre os reflexos dessas ações.
A quebra da tradição do Itamaraty - com a indicação de um diplomata de 3° escalão da instituição, soou muito mal entre profissionais que atuam neste setor. Militante pró-Trump, antiglobalização extremado, que questiona até o aquecimento global, o mesmo é visto como voz marginal na instituição, descolada da realidade concreta, carente de liderança entre os seus.
Pior que isso, o que mais tem preocupado é o rebaixamento de um trabalho histórico do Itamaraty. Estão em xeque posições do Estado brasileiro sobre diversos temas (meio ambiente, violência, saúde, educação, direitos humanos) no âmbito da ONU, outras organizações multilaterais como o Brics, a OEA e o Mercosul; até acordos de cooperação bilateral.
Como um “pombo sobre um tabuleiro de xadrez”, antes mesmo de assumir o governo, Bolsonaro e seus ministros, já criaram desgastes com a ONU, ONGs internacionais, com países árabes, os cubanos, os noruegueses e nossos vizinhos do Mercosul.
O auge desse processo, foi visto no rompimento de Cuba, com o programa Mais Médicos, em que o nosso futuro governo criou uma lambança diplomática ao tentar modificar as regras do acordo - já firmado. Gerando a saída de mais de 8000 médicos que já estavam atuando em território brasileiro.
Curiosamente, esse comportamento só tem sido aplaudido por dois líderes - Donald Trump (EUA) e Matteo Salvini (Itália). Ambos representantes dessa onda ideológica global, caracterizada pelo populismo, o conservadorismo comportamental e o liberalismo econômico de perfil autoritário.
Enfim, ao que tudo indica, a política exterior de Bolsonaro nos reserva algumas surpresas, ao confrontar diretamente o mundo multilateral, pautado em princípios de direitos humanos, de paz e solidariedade do pós-guerra, essa “brincadeira” pode trazer graves prejuízos ao país interna e externamente.