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A revolta contra o republicano vem tomando corpo em protestos espalhados por todo os EUA e em vários países, gerando pronunciamentos de líderes, quadros técnicos, movimentos sociais, artistas e meios de comunicação. Muitos, inclusive, já questionando se Trump resistirá até o fim de seu mandato
Por Vinicius Sartorato, colaborador da
Em 20 de janeiro de 2017, Donald Trump foi empossado como o 45º presidente dos Estados Unidos. No dia 23 de janeiro, publicávamos aqui um texto sobre a repercussão da mídia internacional, destacando a cautela e a desconfiança.
No dia 28, o famoso instituto de pesquisas Gallup mostrava que o líder atingia o recorde histórico de reprovação, o mesmo que George W. Bush demorou três anos para atingir. Ou seja, em apenas 8 dias de governo, a pesquisa mostrava que "42% aprovavam e 51% desaprovavam" o trabalho do novo presidente.
O problema aqui é que a cautela e a desconfiança inicial estão se transformando em revolta. Revolta que vem tomando corpo em protestos espalhados por todo os EUA e em vários países, gerando pronunciamentos de líderes, quadros técnicos, movimentos sociais, artistas e meios de comunicação. Muitos, inclusive, já questionando se Trump resistirá até o fim de seu mandato.
Esse quadro de impopularidade do novo chefe do Poder Executivo norte-americano poderia ser justificado por uma primeira semana cheia de ações controversas. Na lista: o ato inicial contra o chamado "Obama Care"; as medidas contra o direito de abortar; a proibição de entrada de refugiados e imigrantes; a proposta de construir um muro na fronteira com o México; a recepção da 1ª ministra britânica, Theresa May; somando, ainda, a retirada dos EUA do Tratado Transpacífico; a permissão para construção do óleoduto Keystone e a indicação de assessores polêmicos em várias áreas de atuação.
Não obstante essas ações, listamos ainda várias falas controversas do novo mandatário sobre diferentes temas e em diferentes situações como as críticas duras às políticas da União Européia sobre o euro e refugiados; contra a OTAN, que chamou de “obsoleta”; as ameaças contra o presidente mexicano e seus “bad hombres”; entre outras declarações, relacionadas com Putin, chineses, Irã e mesmo o juiz que rejeitou a proibição da entrada de imigrantes e refugiados no país.
As opções políticas de Trump transparecem um alto grau de agressividade, narcisismo, populismo e riscos. Os reflexos de seus modos no tratamento com líderes mundiais, empregados e mesmo com o juiz que barrou sua proposta de proibição da entrada de imigrantes e refugiados de sete países de maioria muçulmana já são visíveis.
As respostas começam a aparecer. O presidente do Conselho da EU, Donald Tusk, tratou de comunicar e indicar aos chefes de Estado do bloco que o novo governo norte-americano trata-se de uma “ameaça” – apesar de considerar a relação Transatlântica prioritária. As revistas New Yorker e Der Spiegel apresentaram capas ilustrativas sobre a Era Trump e a Estátua da Liberdade, sendo que a primeira apresenta uma tocha apagada, e a segunda, a estátua com a cabeça decaptada por Trump. Artistas renomados e de expressão internacional passaram a atacar as políticas do mandatário cada dia mais aberta e fortemente, como ocorrido na famosa premiação de atores da TV norte-americana – SAGA Awards.
Em síntese, as respostas sobre as falas e ações do magnata-presidente ameaçam provocar problemas ainda mais profundos para os EUA que os já existentes. Em sua primeira derrota, no caso da proposta para banir imigrantes e refugiados, o novo presidente abriu uma verdadeira guerra institucional com o Poder Judiciário, xingando e menosprezando o juiz, fato que pode gerar uma crise sem precedentes.
Com os europeus, ao receber a 1ª ministra britânica, apoiar o BREXIT publicamente e realizar diversas críticas sobre o euro e a política de refugiados também gerou grande mal-estar, algo que pode ser elevado a uma crise. E o “Portal Trump de Crises” pode avançar ainda mais com os chineses, iranianos, mexicanos e, internamente, com vários setores da sociedade norte-americana. Trump é visto hoje, essencialmente, como a representação da “instabilidade”.
Para que todos tenham uma ideia, até entre os políticos do Partido Republicano, a “debandada” já começou. Muitos deputados e senadores do partido – como Tom McClintock, Lindsey Graham e o ex-presidenciável John Mc Cain - já se mostram preocupados com as posturas do presidente recém-eleito, bem como os reflexos nas próximas eleições.
Os políticos preocupam-se com o perfil “boca aberta”, sobre a revogação do chamado “Obama Care”, sobre o racismo crescente e toda convulsão social causada pelo novo governo. Várias organizações já começaram a coletar assinaturas para iniciar o processo de impeachment de Donald Trump, por razões diversas como discriminação, conflitos de interesses, sendo que muitas já passaram da marca de 1 milhão de assinaturas. Ao que parece, se o mandatário continuar brigando com “tudo e todos”, encurtará seu mandato e será destituído.