Escrito en
GLOBAL
el
Ao redor do Congresso, apoiadores do presidente com camisetas da seleção ou do partido governista de centro-direita gritavam "sigue, sigue, PPK" e "Yo Creo en Ti"
Da Redação*
O Congresso peruano decidiu na madrugada desta sexta-feira (22), após mais de 14 horas de debate, manter o presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, 79, no cargo.
O pedido encabeçado pelos fujimoristas (Força Popular) e com apoio de partidos de centro-esquerda e esquerda, ao final, não conseguiu obter os 87 votos necessários para a remoção do mandatário de seu posto. O motivo do pedido seria seu suposto envolvimento no esquema de subornos da construtora brasileira Odebrecht, por meio de sua empresa, a Westfield.
O placar final da votação foi de 78 votos a favor de sua saída, 19 contra e 21 abstenções. A jornada foi marcada por longos discursos dos parlamentares, que desrespeitaram os limites de tempo de suas intervenções, e por um ambiente tenso dentro do recinto formal, que contrastava com a angústia ruidosa daqueles que, fora dele, se manifestavam pró e contra a moção, agitando bandeiras sob um sol forte e contidos por policiais.
PPK, como é chamado o presidente de centro-direita Pedro Pablo Kuczynski, chegou às 9h10 (12h10 em Brasília) com seus vices, Martín Vizcarra e Mercedes Araóz. No Parlamento unicameral, na galeria de visitantes, a mulher, Nancy Lange, esperava.
O discurso de defesa de PPK enfatizou o teor político do julgamento. Deu ênfase às consequências que poderiam ter sua saída do cargo, evocando o fantasma da era Alberto Fujimori (1990-2000).
"Enfrento de pé esta acusação falsa, movida por um desejo inconstitucional de me afastar do poder. Está em suas mãos salvar a democracia ou afundá-la para sempre. O que está em jogo não é meu destino, e sim o da democracia que tanto nos custou recuperar", declarou.
PPK explicou que trabalhou como consultor de empresas em várias oportunidades e que é proprietário da Westfield, que fez negócios com a Odebrecht, mas que se afastava dessas atividades quando ocupava cargos públicos —ele foi ministro de Alejandro Toledo (2001-06) e, depois, assumiu a Presidência, em julho de 2016.
"Quando estive na vida pública, a Westfield não foi comandada por mim, passei sua gestão ao empresário (chileno) Gerardo Sepúlveda. Nunca havia visto os documentos que relacionam a Odebrecht e a Westfield."
PPK mostrava os documentos num telão: "Podem ver que a assinatura não é a minha, é a do sr. Sepúlveda".
Ao redor do Congresso, contidos por cordões policiais, apoiadores do presidente com camisetas da seleção ou do partido governista (Peruanos Por el Kambio) gritavam "sigue, sigue, PPK" e "Yo Creo en Ti". "Não somos a Venezuela, o Peru é uma democracia estável", dizia o comerciante Roberto Mejía.
A favor da deposição, outros empunhavam cartazes "Chega de Corrupção". "Um presidente que roubou e mentiu não pode seguir no cargo, estaríamos abrindo um terrível precedente", afirmou a dona de casa Luz Montes.
*Leia a matéria completa na Folha
Foto: Wikipedia