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Por Renato Rovai
O mega empresário Donald Trump derrotou não só a candidata Democrata Hillary Clinton na madrugada de hoje, mas também todas as previsões de institutos de pesquisa, a maior parte do establishment de Wall Street, importantes lideranças do seu partido e ao mesmo tempo valores de solidariedade e de respeito aos direitos humanos.
A candidatura Trump não economizou em ataques. Foi desde as prévias republicanas uma metralhadora giratória, mas com uma mira certeira. Por um lado, Trump xingava os grupos econômicos poderosos do seu país, com destaque especial para a mídia. E por outro, fazia um discurso antilatino e de ataque aos direitos das minorias e a favor da liberação total das armas.
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Essa contradição ao invés de lhe tirar votos garantiu identidade com o cidadão médio dos EUA. Que é muito mais conservador do que a mídia brasileira costuma pintar.
O americano médio é aquele que não vive nas grandes metrópoles, como Nova Iorque, Washington ou São Francisco. O americano médio não é globalizado. O americano médio não tem diploma universitário. O americano médio trabalha 12 horas por dias. E esse americano médio viu nas últimas décadas seus direitos e seus salários serem dizimados, o que lhe fez perder boa parte da qualidade de vida que tinha no passado.
Essa faixa da população americana acredita que seu fracasso atual está associado tanto à invasão de imigrantes, em especial latinos, quanto à sanha dos investidores de Wall Street.
E a metralhadora giratória de Trump mirou nesses eleitores, que foram decisivos para sua vitória.
Por uns dias ou semanas o mundo vai tentar entender o que aconteceu com os EUA, mas não é tão difícil de entender assim.
Aquele EUA das liberdades pintado em verso e prosa, por exemplo, na imprensa brasileira, é só uma obra de ficção. Os EUA real e atual é de fato mais parecido com os valores defendidos por Trump do que pelo discurso Wall Street de Hillary.
Quanto ao futuro do mundo e dos EUA com Trump à frente do império, isso é muito mais difícil de se prever do que parece.
Trump parece ser um louco, mas é um sujeito muito inteligente. E por isso entendeu a atual realidade do seu país mais do que qualquer liderança republicana e democrata.
Exatamente por isso, talvez faça muito tempo que os EUA não elegem alguém tão perigoso.
PS: Este texto foi publicado antes de Trump fechar os 270 votos necessários para a sua vitória ser oficialmente anunciada, mas já não havia mais chance real de virada de Hillary.