Milhares de pessoas chegaram hoje à Áustria em ônibus fornecidos pelo governo húngaro; ministros da UE se comprometem a cooperar em apoio a refugiados
Do Opera Mundi
Milhares de refugiados chegaram neste sábado (5) à Áustria após a Hungria decidir fornecer transporte àqueles que querem atravessar o país.
O governo húngaro há dias tenta restringir a entrada de refugiados a partir da Sérvia e endureceu nesta sexta-feira (04) o discurso contra as milhares de pessoas provenientes de países em conflito que passam pela Hungria em direção a Áustria e Alemanha. No entanto, na noite de sexta-feira, o ministro de Governo húngaro, János Lázár, anunciou que a Hungria ofereceria transporte até a fronteira com a Áustria aos refugiados que estão na estação de trens Keleti, em Budapeste, e aos que caminham pela rodovia M1.
Os primeiros ônibus chegaram neste sábado à fronteira com a Áustria. Trens especiais estão partindo a cada meia hora da estação austríaca de Nickelsdorf, na fronteira com a Hungria, para a capital Viena. De lá, muitos partem imediatamente para a Alemanha, embarcando em trens para Munique, onde centenas já chegaram neste sábado, segundo a BBC.
O governo austríaco afirmou que os refugiados podem pedir asilo ao país ou seguir para a Alemanha, enquanto o governo alemão declarou que vai garantir o status de refugiado a todas as pessoas que estejam fugindo do conflito na Síria. A polícia austríaca estima que 10 mil pessoas cheguem ao país somente hoje, enquanto a polícia alemã espera cerca de sete mil pessoas.
Segundo a BBC, o porta-voz do governo húngaro, Zoltan Kovacs, afirmou que a medida é excepcional e que não haveria mais ônibus ou trens à disposição dos refugiados em direção à Áustria.
Reunião em Luxemburgo
Os ministros de Relações Exteriores da União Europeia (UE) se comprometeram neste sábado a reforçar sua cooperação em cinco pontos para enfrentar a crise de refugiados que incluem garantir sua proteção e o respeito aos direitos humanos e ampliar o apoio financeiro a países africanos.
"Acabou o jogo de jogar a culpa uns em outros e chegou o momento de tomar medidas", afirmou a chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, ao término de dois dias de reuniões informais dos ministros das Relações Exteriores nos quais debateram a questão migratória e a situação dos refugiados.
Apesar de se tratar de uma reunião informal na qual não podem tomar decisões formais, os ministros se colocaram de acordo para atuar em cinco pontos.
Mogherini disse que os países se comprometem a assegurar proteção das pessoas que precisarem, lidar com a situação no total respeito aos direitos humanos, lutar contra o tráfico humano, reforçar a associação com os países de origem e trânsito e abordar os acordos de readmissão e devolução, e além de tratar as raízes da chegada de refugiados.
Na próxima quarta-feira, a Comissão Europeia apresentará uma estratégia para o recebimento e divisão de outros 120 mil refugiados entre os países-membros, assim como uma lista de "países seguros", uma medida destinada a agilizar a tramitação - e em parte a rejeição - dos pedidos de asilo de refugiados, que incluirá países candidatos a entrar na UE como Albânia, Macedônia, Montenegro, Sérvia e Turquia.
"Temos que encontrar maneiras de compartilhar responsabilidades, nisso todos estamos de acordo", afirmou Mogherini, que lembrou que a CE defende um sistema de cotas obrigatório, porque um sistema voluntário "tornaria as decisões mais difíceis e menos imediatas", em um momento em que "não se pode perder tempo".
(Foto: Stephen Ryan/IFRC)