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Em artigo, músico fala sobre suas impressões da visita que fez ao país e a áreas da Cisjordânia. "Eu quero a paz que se mostra desde sempre impossível. Mas agora eu a quero sentindo-me muito mais próximo dos palestinos do que jamais me imaginei –e muito mais longe de Israel do que suporia meu coração há apenas pouco mais de um ano"
Por Redação
O músico Caetano Veloso conta, em artigo publicado no caderno Ilustríssima, da Folha de S. Paulo, suas impressões a respeito de sua visita a áreas da Cisjordânia, em julho deste ano. Na ocasião, ele esteve em Israel para fazer um show com Gilberto Gil, tendo recebido diversos apelos, como do músico Roger Waters e do Nobel da Paz Desmond Tutu, para não ir ao país em função da política de opressão do Estado israelense contra os palestinos.
Caetano diz que Tel Aviv, a capital do país, tem para ele o "aspecto de uma das nossas capitais nordestinas, e o seu povo, o ar altivamente desencanado do carioca". Mesmo tendo ido lá em outras ocasiões, desta vez estranhou o fato de não haver presença ostensiva de soldados nas ruas. "Era difícil reconhecer que essa paz refletia o maior poder adquirido pelo Estado de Israel, sua certeza de que a cúpula de proteção construída por sua defesa está firme. Será, como diz Marcelo Yuka, a paz que não quero?", questiona, referindo-se à canção do grupo O Rappa.
O músico narra o encontro com membros do Breaking The Silence, grupo de israelenses crítico à política oficial do governo em relação aos palestinos. "Alguns apoiadores do BDS, movimento internacional de boicote a Israel, tinham nos procurado, a Gil e a mim, na tentativa de dissuadir-nos de ir a Tel Aviv. Pelo que ouvi da boca de Yehuda –e de Nasser, o palestino de Susiya que por ele nos foi apresentado– todas as queixas dos participantes do BDS são fundadas", conta.
Ao visitar um acampamento palestino na Cisjordânia, Caetano também relata ter se lembrado do Brasil. "As favelas brasileiras ocupadas me vinham à mente. Eu não queria fazer um reducionismo político e usar um esquema único para avaliar questões brasileiras à luz da situação palestina, mas as imagens de fracassos pontuais das UPPs no Rio (não apenas o caso Amarildo) vinham à cabeça. Nós, os visitantes, não éramos estranhos às desumanidades que testemunhávamos no Oriente Médio. Era impossível não fazer paralelo com situações que vivemos no Brasil."
"Eu quero a paz que se mostra desde sempre impossível. Mas agora eu a quero sentindo-me muito mais próximo dos palestinos do que jamais me imaginei –e muito mais longe de Israel do que suporia meu coração há apenas pouco mais de um ano", refllete, em outro trecho do texto. Ao fim do artigo, o músico conclui: "Gosto de Israel fisicamente. Tel Aviv é um lugar meu, de que tenho saudade, quase como tenho da Bahia. Mas acho que nunca mais voltarei lá."
Leia a íntegra do artigo aqui.