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O livro do francês Thomas Piketty, "Capital no Século 21", tem causado polêmica nos debates sobre desigualdade de renda e concentração de riqueza. Dessa vez, foi Paul Krugman que o defendeu das críticas
Por Janet Allon, em Alternet | Tradução: Vinicius Gomes
O economista Paul Krugman, colunista pelo New York Times, ainda está brigando a “boa briga” contra os negadores da desigualdade. Em sua coluna deste domingo (1), ele apontou, pessimista, que tem falado sobre o crescimento da desigualdade desde 1992, quando escreveu um artigo intitulado “Os ricos, a direita e os fatos”. Claro, ele foi prontamente “trolado” pelos negadores da desigualdade.
Agora, Krugman sugere que é quase como um dejavu o que está acontecendo com o economista francês Thomas Piketty e seu livro “O Capital no Século 21”, e a desonestidade intelectual dos críticos quanto a seus números e conclusões. O mais notável foi o artigo de Chris Giles, o economista-editor do Financial Times, que atacou o trabalho de Piketty usando como base os ligeiros erros nos dados para então alegar que essa era a prova de que não há o crescimento da desigualdade e o fenômeno do aumento da concentração de riqueza.
Krugman escreve que a “afirmação crucial de que não há uma tendência clara quanto ao aumento da concentração de riqueza residia em uma conhecida falácia e que eu identifiquei em 1992 em um artigo”.
Mesmo que Krugman provavelmente ache cansativo continuar a estar certo sobre a desigualdade após todos esses anos, ele escreve todos os fatos – novamente – para quem ainda não ficou claro:
“Nós temos duas fontes de evidência tanto de renda quanto de riqueza: pesquisas, nas quais as pessoas são perguntadas sobre suas finanças e dados fiscais. Os dados de pesquisa, enquanto úteis para rastrear os pobres e a classe média, notoriamente minimizam as maiores rendas e riquezas – falando claramente, pois é difícil entrevistar bilionários o suficiente. Então os estudos do 1%, do 0,1% - e por aí vai – se restringe em dados fiscais. A crítica do Financial Times, todavia, compara velhas estimativas de concentração de riqueza baseada em dados fiscais de estimativas mais recentes nas pesquisas; isso produz uma propensão básica em não encontrar a tendência de concentração. Em resumo, essa última tentativa em ridicularizar a noção de que nós nos tornamos vastamente uma sociedade mais desigual foi também ridicularizada. E vocês deveriam ter esperado por isso. Existem tantos indicadores independentes apontando para um agudo crescimento da desigualdade, indo de aumento nos preços das propriedades de alta classe até à explosão dos mercados para bens de luxo, que qualquer alegação que a desigualdade não está crescendo quase que certamente está baseada em uma análise falha de dados.”
Depois Krugman atualiza sua análise sobre a desigualdade e ridiculariza dois argumentos populares e falsos de seus negadores: que os EUA ainda têm toneladas de mobilidade econômica e que qualquer um pode fazer parte do 1% e que, de alguma maneira, o atual sistema de impostos tem esse problema sob controle:
“A concentração, tanto de renda quanto de riqueza, nas mãos de poucas pessoas aumentou drasticamente nas últimas décadas. Não, as pessoas recebendo essa renda e sendo dona dessa riqueza não estão nunca em grupo que está constantemente mudando: as pessoas se movem frequentemente entre os últimos lugares do 1% para as melhores posições do 1%, e vice-versa.”
Piketty deixa os mais ricos desconfortáveis, diz Krugman, assim como todas as demandas populistas para um aumento na taxação dos ricos.
Mas negar a desigualdade, assim como negar a mudança climática, não é sobre ciência ou dados, aponta Krugman. Ela é politicamente motivada para proteger certos grupos com fortes interesses em negarem os fatos ou lançar dúvidas sobre eles.
E Krugman irá continuar dizendo até que as pessoas finalmente tenham escutado e percebido, como ele diz, que dessa vez os populistas talvez estejam certos.