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Desde as primeiras marchas puxadas por Camila Vallejo, militantes mulheres continuam tendo maior visibilidade
Por Victor Farinelli, no Opera Mundi
Desde as primeiras marchas lideradas por Camila Vallejo, em 2011, as mulheres chilenas vêm sendo as grandes protagonistas da luta dos estudantes chilenos por melhoras no sistema educacional do país. Karol Cariola, Eloísa González, Karen Boisier, Nataly Espinoza, Marjorie Cuello, foram algumas figuras que se destacaram nos últimos anos.
Em 2014, elas continuam ocupando os cargos de maior visibilidade do movimento estudantil. Opera Mundi apresenta aqui um pequeno perfil das cinco estudantes chilenas que prometem agitar o debate sobre a reforma educacional no país:
Melissa Sepúlveda: foi eleita presidente da Fech (Federação dos Estudantes da Universidade do Chile) em dezembro de 2013, de forma surpreendente. Ela venceu a Esquerda Autônoma e a Juventude Comunista, movimentos que se alternaram na direção da entidade nos últimos anos, com os hoje deputados Gabriel Boric e Camila Vallejo, respectivamente.
Sepúlveda representa a FEL (Frente de Estudantes Libertários), criada pela união de diversos coletivos anarquistas da universidade. O dela é um coletivo de feminista-anarquista chamado Ação Feminina Libertária La Alzada. Entre as suas principais ideias, está a de que o movimento estudantil deve incorporar com mais ênfase o apoio às bandeiras das comunidades mapuche e das centrais sindicais, entre outros, para gerar um movimento social mais amplo e com maior poder de pressão.
Naschla Aburman: a primeira mulher a encabeçar uma lista da NAU (Nova Ação Universitária, a mesma que revelou o hoje deputado Giorgio Jackson) e que levou o movimento a vencer sua quinta eleição consecutiva na FEUC (Federação de Estudantes das Universidades Católicas). Naschla foi protagonista da primeira polêmica do ano, no âmbito educacional, quando o ministro de Educação do Chile, Nicolás Eyzaguirre, disse que considerava como universidades públicas não só as estatais mas também as que contribuem para o desenvolvimento do Estado de outras formas, em alusão à PUC de Santiago.
O comentário gerou controvérsia também dentro do movimento estudantil e foi graças a uma declaração dela que uma crise entre as federações estudantis foi evitada. “A PUC pertence à Igreja Católica, não ao Estado. Nossa demanda relativa à ela e a outros estabelecimentos privados não é a gratuidade e sim o fim ao lucro, para que essas instituições que queiram atuar no setor estejam focadas na qualidade do ensino e não na asfixia financeira das famílias dos estudantes”, afirmou.
Lorenza Soto: foi organizadora de uma das primeiras ocupações a escolas secundárias privadas, em 2013, e este ano foi eleita porta-voz da ACES (Associação Coordenadora dos Estudantes Secundaristas).
Segue a linha da anterior presidente Eloísa González e pretende ser uma forte oposição à esquerda para as reformas de Bachelet, consideradas moderadas e de “refundação do modelo de educação de mercado”.
Bárbara Brito: outra das mais radicais do movimento, representa o MUT (Movimento Universitário de Trabalhadores, de inclinação trotskista) e milita no PTR (Partido dos Trabalhadores Revolucionários). É considerada uma das vozes mais críticas dentro da Confech por sua postura em prol de uma atuação mais enfática dos estudantes com outros movimentos sociais.
Ela, mais de uma vez, tentou esvaziar os encontros de líderes do movimento, criando uma dissidência entre os que consideravam as posturas mornas demais. Passou a ser menos radicalcom a chegada de Melissa Sepúlveda, de quem se tornou importante aliada.
Ivette Martínez: presidente da Mesup (Movimento de Estudantes de Universidades Privadas), é conhecida com uma das mais radicais da Confech.
Liderou a ocupação da Secretaria Regional de Educação de Santiago na última terça-feira (06/05), manifestação que serviu como prelúdio da marcha desta quinta. Entre suas ideias está a de que as universidades privadas que lucram sejam estatizadas e não fechadas.