A Herbalife enfrenta o seu Gordon Gekko

William Akcman não apenas não acredita na Herbalife como apostou U$ 1 bilhão na queda do preço das ações da empresa. Com seus bilhões, passou a fazer lobby contra a empresa e convenceu autoridades a ajudá-lo. O capitalismo destrutivo nunca foi tão literal

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William Akcman não apenas não acredita na Herbalife como apostou U$ 1 bilhão na queda do preço das ações da empresa. Com seus bilhões, passou a fazer lobby contra a empresa e convenceu autoridades a ajudá-lo. O capitalismo destrutivo nunca foi tão literal Por Luiz Carlos Azenha, no Viomundo William Ackman não é o personagem Gordon Gekko, do filme Wall Street, para o qual cobiça é essencial, “greed is good”. William Ackman existe em carne e osso. É dono de um fundo de investimentos de Wall Street. Ackman é dono do Pershing Square Capital Management, que controla U$ 12 bilhões. Ele decidiu apostar cerca de U$ 1 bilhão na queda do preço das ações da empresa Herbalife. Eu não sei se os produtos vendidos pela Herbalife são bons ou não. Ackman aposta que não. Diz ter dúvidas sobre o esquema de vendas da empresa, que sugere ser uma pirâmide sustentada na exploração dos vendedores — nos Estados Unidos, majoritariamente hispânicos e negros. O fato é que Akcman não apenas não acredita na Herbalife: apostou pesado contra o futuro da companhia. Com seus bilhões, passou a fazer lobby contra a empresa. Conven$eu autoridades a ajudá-lo. Lembrem-se: se as ações da Herbalife cairem, Ackman lucra. Diz o New York Times, em longa reportagem que dedicou ao caso:
As tentativas do sr. Ackman ilustram como Washington está crescentemente se tornando campo de batalha para os titãs financeiros de Wall Street, cujo interesse em influenciar políticas públicas é guiado primariamente pelo desejo de lucrar — parte de uma prática em expansão na capital, com corporações, firmas de advogados e lobistas estabelecendo unidades de inteligência política para recolher notícias que possam comercializar.

Por enquanto, o sr. Ackman persuadiu quatro congressistas, um senador estadual de Nova York, um vereador de Boston e o líder da maioria no Senado estadual de Nevada, além de outras autoridades eleitas da Califórnia, a se juntar à sua causa. Importantes defensores dos consumidores de Washington, assim como líderes respeitados de comunidades hispânicas e afro-americanas, sob lobby da equipe do sr. Ackman, também escreveram cartas a autoridades exigindo ação [contra a Herbalife].

O sr. Ackman divulga entrevistas coletivas de imprensa e protestos para criar a imagem de que as paredes estão se fechando contra a Herbalife, uma empresa que não é estanha à controvérsia, cujas vendas no ano passado atingiram U$ 4,8 bilhões.

Eu li a reportagem incrédulo.

De um lado, uma empresa bilionária cujas vendas se assentam em promessas variadas de boa saúde.

De outro, um capitalista que pretende destruí-la para lucrar algum.

A realidade imita a ficção.

O capitalismo destrutivo nunca foi tão literal.

Se os produtos da Herbalife são de qualidade duvidosa não deveriam estar à venda, certo?

Em nome da saúde pública.

Mas isso, ao que parece, é o que menos importa.

Pelo menos nos Estados Unidos, autoridades estão sobre o muro a respeito, prontas para descer do lado que pagar mais.