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Em evento organizado pela Anistia Internacional, cantora afirma que governo russo "promove a intolerância"
Por Redação
Aconteceu nesta quinta-feira (6), em Nova York (EUA), no Barclays Center, evento em prol da promoção dos direitos humanos organizado pela Anistia Internacional e a cantora Madonna esteve presente para apresentar as integrantes do Pussy Riot. Porém, antes de chamar as meninas da banda, Madonna fez um discurso no qual atacou o regime de Putin e revelou que foi ameaçada de morte e acusada de fazer “propaganda gay”.
Em sua fala, a cantora conta que, durante a sua turnê pela Rússia, tomou conhecimento da prisão das integrantes da banda Pussy Riot e que ficou “chocada” ao saber do fato. Frente a isso, resolveu protestar em seus shows. Por conta de sua postura, conta ter recebido ameaças de morte, sendo que fãs seus foram presos depois dos shows.
[caption id="attachment_41730" align="alignleft" width="300"] Madonna, em evento da Anistia, apresentou as meninas do Pussy Riot[/caption]
A artista considera que o regime de Putin “promove a intolerância” e se considera uma pessoa de sorte, pois, em seu país ela pode falar o que quiser. “Sei que a América não é perfeita, é verdade, mas posso falar aquilo que está na minha cabeça; posso criticar o governo; os fundamentalismos religiosos, isso sem sentir medo de ir parar na cadeia; pelo menos não ainda”, disse Madonna.
A seguir, confira o discurso na íntegra e vídeo com a apresentação:
"Bem, eu gostaria primeiramente de agradecer ao Pussy Riot por fazer a palavra ‘pussy’(vagina) uma palavra que se pode falar na minha casa. Antes era algo ‘ilegal’, e agora meus dois filhos pequenos saem pela casa falando isso o tempo todo; em referência ao Pussy Riot, claro.
Não é coincidência que eu estava em turnê mundial, e que fui fazer um show em Moscou em um período no qual as Pussy Riot estavam presas por organizarem uma apresentação de dois minutos de uma de suas canções em uma igreja. A música critica o presidente Vladimir Putin e seu regime de intolerância contra a comunidade gay, a liberdade artística, a liberdade de expressão e aos direitos humanos em geral.
Eu fiquei chocada quando descobri isso, e resolvi falar abertamente a respeito quando estava no palco. Por isso, recebi ameaças de morte, e certamente meu número de seguranças teve que dobrar. Primeiro estivemos em São Petesburgo; meu show foi atacado e criticado pelo regime por ser um ‘show gay’ e por promover a homossexualidade... o que eu comecei a fazer.
Enfim, todas as pessoas trabalhando e performando no meu show, incluindo eu mesma, estávamos correndo risco de sermos presos por encorajar um “comportamento gay” no show, o que eu tenho que dizer não influenciou em nada já que não mudei um segundo da apresentação... e não fui presa.
Infelizmente eu fui processada em 1 milhão de reais por esse ato criminal e 87 fãs meus foram presos por “comportamento gay” – seja lá o que isso significa. Então aqui estamos 2 anos depois... Pussy Riot está fora da cadeia. Obrigada não somente ao movimento ‘Amnesty International’, mas as milhares de vozes e ações de demonstração ao redor do mundo de pessoas que se importam com os direitos humanos. Muito Obrigada. E não é por isso que estamos todos aqui hoje à noite pessoal, para celebrar os direitos humanos, certo?
Mas vocês não acham estranho termos a expressão ‘direitos humanos’ em nosso dicionário, já que, não é algo que deveríamos lutar pra ter? O certo é ser livre, se expressar, ter uma opinião, amar quem quisermos amar, ser quem somos... nós temos mesmo que lutar pra ter isso? Isso é uma besteira.
Eu sempre me considerei uma lutadora da liberdade, desde os anos 80 quando eu percebi que tinha uma voz e que poderia cantar sobre mais coisas do que ser uma garota materialista ou como uma virgem. E eu definitivamente tenho sido punida por isso, por falar o que está na minha cabeça, e por não ignorar esse tipo de discriminação. Mas tudo bem.
Quando eu estive na Rússia, e pude presenciar o que estava acontecendo com Pussy Riot e com a comunidade gay, percebi o quão sortuda eu sou por viver em um país onde eu posso me expressar. Eu sei que a América não é perfeita, é verdade, mas eu posso falar aquilo que está na minha cabeça; eu posso criticar o governo; eu posso criticar os fundamentalismos religiosos, isso sem sentir medo de ir parar na cadeia; pelo menos não ainda. Eu não costumo tomar essa liberdade de forma reprimida, e acho que vocês também não deveriam.
As duas membros do Pussy Riot que vou apresentar agora não tem esses direitos em seu país de origem. Elas não compartilham da mesma liberdade que eu. Portanto elas devem ser aplaudidas por sua coragem. Elas tiveram que lutar pelo que acreditam, e aceitaram as consequências. Eu consigo imaginar as injustiças que elas sofreram durante 2 anos presas, e sei que não estão arrependidas de suas escolhas e decisões e que se pudessem se sacrificariam de novo.
É hora do resto do mundo ser tão corajoso quanto o Pussy Riot, e se rebelar contra pessoas como o presidente Putin, líderes e organizações que não respeitam os direitos humanos, e perpetuam opressão, discriminação e injustiça a todos. Nós temos uma obrigação moral de apoiar a todos que tenham sido perseguidos nas nossas ruas e do outro lado do mundo.
Eu gostaria de agradecer ao Amnesty International pelo seu apoio, e por fim, é meu privilégio e minha honra senhoras e senhores, apresentar a vocês Masha e Nadya do Pussy Riot. Garotas, subam ao palco!"